terça-feira, 9 de março de 2010

Livro Didático

Livro didático: um mal necessário

 

Ainda há, nas escolas públicas de Goiás, um vínculo muito forte entre professor e livro didático. Não quero aqui influenciar no desuso deste recurso, todavia, acho que o LD jamais poderá ser o detentor do saber, ele precisa ser entendido, em alguns casos, como um facilitador para o aluno, isto é, que o ajude a formar conhecimentos relevantes. O LD deve ser compreendido como mais um material de apoio, tal como seria um texto avulso de uma revista qualquer, uma reportagem de um jornal, uma bula de remédio ou uma receita de bolo etc. Quando o professor, seja por desconhecimento ou comodismo, permite que o LD delimite e conduza seu trabalho, os resultados do processo ensino e aprendizagem dificilmente podem ser bons, visto que este recurso didático nem sempre retrata a língua em seu uso real. E os motivos para isso são variados:

        a) A maioria dos textos nos LDLP são fragmentos de textos maiores, ou seja, são partes de romances, contos e até poemas que não transmitem com fidelidade a ideia do texto de origem;

       b) Grande parte dos LDs traz implícitas ideologias incompatíveis com a realidade da sala de aula;

       c) Muitos LDs trazem, no final, um gabarito com todas as respostas, inclusive da interpretação textual, o que tira do aluno o direito de interagir com o texto, já que somente as respostas do LDP são consideradas corretas pelo professor;

      d) A interpretação de textos, em grande parte dos LDs, resume-se na metalinguagem, até mesmo os textos poéticos são usados para identificar elementos gramaticais, deixando em segundo plano a essência do texto, isto é, a diversidade de gêneros e suas especificidades;

      e) Na maioria dos casos, os LDs adotados nas escolas públicas são volumes únicos. Ou seja, o mesmo livro traz os conteúdos de gramática, literatura, redação e interpretação de textos, além de ser o mesmo livro para os três anos finais da Educação Básica. Essa união das várias disciplinas condensadas em um único volume, na maioria dos casos, não contempla, com a satisfação necessária, todos os conteúdos essenciais para a formação de um usuário competente em fazer uso da língua portuguesa;

      f) Em sua quase totalidade, os LDs apresentam,   resumidamente,  apenas

estudos sintetizados da gramática normativa que em quase nada melhora o desempenho de comunicação do aprendiz;

     g) Os LDs deixam muitos professores mal acostumados, pois a maioria traz, em sequência, tudo organizado didaticamente. O conteúdo a ser trabalhado normalmente inicia-se com um fragmento de texto, depois vem o estudo do texto já com as respostas no manual do professor, em seguida estudos da língua, digo, gramaticais e as respostas dos exercícios. Para um professor menos atento à real qualidade do processo ensino e aprendizagem, seguir o LD , nessas condições, é uma tentação. De acordo com Bagno (2002, p. 16):

 

Quase sem exceções os livros didáticos de língua portuguesa, todos de caráter normativo, ensinam uma mesma variedade de língua escrita, cuja gramática é a que se infere da análise dos melhores escritores portugueses dos séculos XVI a XIX e dos brasileiros do século XIX e início do XX. Alguma heterogeneidade há, é claro, entre os fatos oriundos de tão largo período da história literária, mas esta é resolvida, embora de forma arbitrária e às vezes contraditória, pela autoridade que se atribui aos autores dos mesmos livros, os quais vão acumulando uma espécie de jurisprudência que firma a norma. Os professores que ensinam a língua nas escolas, em sua maioria, seguem inteiramente as prescrições das gramáticas normativas e estão imbuídos da convicção de que a norma nelas fixadas deve ser observadas integral e exclusivamente não só por seus alunos, mas igualmente por quaisquer pessoas que escrevam.

 

Enfim, são muitos os argumentos a favor da limitação do LD como material principal de uso do professor no processo ensino e aprendizagem de Língua Portuguesa. No entanto, se o professor não se deixar ser seduzido pela comodidade de seu uso, isto é, se o LD não se tornar "a bíblia do professor fiel", pode ser mais um material de apoio muito importante para qualquer docente. Ao professor cabe saber usar com autonomia o LD como uma forma de aperfeiçoar o processo de ensino e aprendizagem de LP. Em algumas regiões e escolas, como acontece em muitas escolas  Goiana, o LD é o meio mais acessível de que dispõem alguns alunos para manterem contato com a língua padrão escrita. Além do mais, a partir de 1995, o MEC através do PNLD tem constituído comissões de especialistas para fixar os critérios de qualidade desses materiais. Quer dizer, os LDs estão sendo melhorados a cada edição, digo, a cada triênio, já que a maioria  é usado por três anos.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Em dependência

Sete de Setembro que data especial!
Lembra nossa independência de Portugal.
Nas margens do Ipiranga, um riacho importante,
Onde nos vimos livres naquele mesmo instante.

O tempo passou e as coisas ficaram diferentes,
Culpa do Presidente - diz o povo insatisfeito -
Que, às vezes, não sabe votar direito.

De vereadores a presidente - é uma aberração -
Estão destruindo a nação. Isso é triste...
Chega a ser deprimente, Graças aos nossos
Políticos nos tornamos novamente dependentes.

Desta vez é diferente, o trauma é mais profundo.
Antigamente dependíamos só de Portugal,
Hoje dependemos do resto do mundo.
SILVA,VC.