quarta-feira, 5 de março de 2014

Trabalho com conto - ensino fundamental

  

 Sempre que se trabalha com textos, é importante procurar fazer com que o aluno perceba alguns aspectos que podem auxiliá-lo na compreensão da mensagem apresentada.
  1. Fazer uma leitura para conhecer o assunto tratado - leitura corrida, o aluno deve ler todo o texto sem interrupção;
  2. Fazer uma segunda leitura de posse do dicionário - auxiliada pelo professor;
  3. Fazer uma terceira leitura considerando as anotações feitas na leitura anterior.
  4. O professor deverá desenvolver algumas atividades orais;
  5. Atividades de compreensão;
  6. Atividades de interpretação/estrutura da obra.
  7. Produção textual

JOÃO BOBO E O SEGREDO DA PRINCESA 

            O Rei decidiu dar a mão de sua filha, a Princesa, àquele que conseguisse adivinhar o que ela possuía de peculiar no peito. Ao ficar sabendo da intenção do Rei, João Bobo — um rapaz gorducho, glutão e tonto — disse à mãe: — Prepare uma roupa pra mim que eu vou sair. — E aonde você vai, João Bobo? — perguntou a mãe. — Vou a... a... até o palácio real a... a... adivinhar — respondeu João Bobo, com sua fala de tonto. A mãe de João Bobo tinha três porquinhos. O rapaz pegou um deles, o branco, e rumou para o palácio. — Pooorcos! Pooorcos! Veeendo pooorcos! — gritava, como se tivesse muitos para oferecer. A filha do Rei estava no balcão do palácio com uma criada, observando o que acontecia. — Que porquinho mais lindo! — exclamou a Princesa, maravilhada. — É mesmo. Que porquinho mais lindo! — repetiu a criada. Então as duas mulheres desceram até onde estava João Bobo, atarefado, tratando de evitar que o porquinho fugisse.
            Por quanto está vendendo? — perguntou a Princesa. E João Bobo respondeu: — Não vendo nem fio. — Venda-o para mim — insistiu a Princesa, com voz suave e profunda. — Não vendo nem fio. Mas lhe dou de presente, se me deixar ver do tornozelo até a metade da coxa. Ao ouvir tal pedido, a Princesa corou. — Atrevido! — exclamou ela. João Bobo já estava pronto para ir embora, quando a criada disse à Princesa: — Ande, mostre, não faz mal, ele é bobo mesmo. E assim fez ela, bem depressa e muito ruborizada. João Bobo entregou-lhe o porquinho e voltou para casa. Passaram-se três dias e lá foi ele vender outro porquinho, desta vez preto, diante do palácio. Ao vê-lo, a criada disse à Princesa: — Se o branco já era bonito, este é muito mais. — Por quanto está vendendo? — perguntou a Princesa, com a mesma emoção de antes e já com certa malícia. — Não vendo nem fio. Mas lhe dou de presente, se me deixar ver da metade da coxa até o umbigo. — Mas é atrevido mesmo! — replicou a Princesa. — Vá, mostre. O que é que tem? Ele é bobo mesmo — disse a criada,  convencendo a Princesa pela segunda vez.
            João Bobo voltou para casa dando pulos de alegria e, três dias depois, pegou o porco amarelo e voltou a apregoar diante do palácio: — Pooorcos! Pooorcos! Veeendo pooorcos! A Princesa e a criada, que do balcão observavam a cena, concordaram que o porquinho era ainda mais bonito do que os outros. — Que lindo! que belezinha! que amor! — suspirou a Princesa, pensando que o preço seria semelhante ao dos dois anteriores. Então as duas mulheres desceram as escadas e a Princesa indagou: — Por quanto está vendendo? — Não vendo nem fio. Mas lhe dou de presente, se me deixar ver do umbigo até o peito. — Como sempre atrevido! — Ande, menina, mostre, que ele é tonto mesmo.
            Uma vez mais, a Princesa deixou-se convencer pela criada, e João Bobo voltou eufórico para casa. No domingo, o palácio real amanheceu repleto de homens que esperavam adivinhar o segredo da Princesa para tê-la como esposa. Centenas deles não haviam conseguido. Lá no fundo, gargalhando como um tonto, João Bobo gritava: — Senhor Rei, senhor Rei, eu posso adivinhar! A Princesa, perturbada, reconheceu o rapaz dos porquinhos, lembrando-se do preço que pagara por eles. — Senhor Rei, eu posso adivinhar! — insistia João Bobo. — Deixem-no passar! deixem-no passar! — exclamou o Rei. E João Bobo foi até o Rei. Fez-se, então, uma pausa — que para a Princesa pareceu um século —, até que João Bobo disse: — Senhor Rei, sua filha é bela e tem fartos cabelos. Assim como possui uma trança que lhe cai pelas costas, suponho que tenha outra escondida no peito. O Rei jamais soube de que maneira João Bobo — que seria o esposo de sua filha — adivinhara o segredo da Princesa. E esta teve certeza, então, de que ia se casar com um homem esperto, porque soube descobrir o seu segredo; inteligente, porque soube escondê-lo; hábil, porque soube contá-lo com graça. E foram muito felizes, guardando e cuidando de seus segredos e de seus porcos.

Situar o aluno em relação à história (atividade oral)
1. Você achou o texto
 a) fácil.      b) de dificuldade média.          c) difícil.        d) muito difícil.
2. Os acontecimentos são narrados de maneira clara ou confusa? ______________________________________________________________________
3. Você achou as frases do texto longas demais?
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4. A extensão, isto é, o tamanho das frases, dificulta a com preensão?
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5. Se a resposta foi afirmativa, copie duas frases que você não tenha entendido.
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6. Há muitas palavras desconhecidas?
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7. As palavras desconhecidas impedem a compreensão da história? Em caso afirmativo, consulte o dicionário.
           
            Questões de compreensão. Nestas questões o aluno não precisa se preocupar em dar explicação ou fazer qualquer comentário, já que elas estão prontas, basta transcrevê-las. São respostas do autor e não do aluno.
1. De que país este conto se origina?
Da República Dominicana.

2. Qual era a condição imposta pelo rei aos rapazes que desejassem casar-se com a Princesa?
Deveriam descobrir o que ela tinha de peculiar no peito.

3. Quem era João Bobo?
Um rapaz gorducho, glutão e tonto.

4. Por que ele pediu à mãe que preparasse uma roupa para ele?
a) Porque queria ir ao palácio. _
b) Porque ia tentar descobrir o segredo da Princesa.

5. Quantos porquinhos sua mãe tinha?
Três porquinhos.

6. Que porquinho ele levou em primeiro lugar?
O branco.

7. Qual foi a exigência de João para entregar o porquinho à Princesa?
Que ela lhe mostrasse o corpo do tornozelo até a metade da
coxa.

8. Ela concordou imediatamente?
Não.

9. O que ela respondeu exatamente?
Ela disse que ele era atraente.

10. Que argumento a criada usou para convencer a Princesa a ceder?
Que João era bobo.

11. Ela ficou acanhada, isto é, envergonhada, de mostrar a coxa?
Sim.

12. Quantos dias depois João Bobo voltou ao palácio?
Três dias.

13. Qual porquinho levou consigo?
O preto.

14. Qual a segunda exigência de João Bobo?
Que a Princesa  lhe  mostrasse  o  corpo  desde  a  metade  da  coxa até o umbigo.

15. Qual foi o comentário da Princesa?
Que João era atrevido.

16. Ela ficou vermelha desta vez?
a) Não.      b) Provavelmente não, pois o narrador não faz nenhuma referência a esse fato.

17. Quem a convenceu a aceitar a proposta de João?
A criada.

18. Em que estado de espírito João voltou para casa?
Estava eufórico.

19. De que cor era o terceiro porquinho?
Era amarelo.

20. Desta vez, o que João exigiu em troca do porquinho?
Exigiu que a princesa lhe mostrasse do umbigo até o peito.

21. A Princesa aceitou imediatamente, ou ficou em dúvida?
Ficou em dúvida, pois não disse “sim” nem “não”.

22. Qual foi a atitude da criada?
Mais uma vez, a criada convenceu-a a aceitar, alegando que
ele era bobo. (Esta resposta deve ser copiada pelo aluno.)

23. O narrador diz que ela ficou vermelha ao mostrar o peito?
Não.

24. Algum outro pretendente conseguiu descobrir o segredo?
Não.

25. Quando João Bobo se pôs a dizer que conhecia o segredo da Princesa, foi reconhecido por ela?
Sim.

26. Como ela se sentiu ao reconhecer João Bobo?
Ficou perturbada.

27. Qual era o segredo da Princesa?
Ela trazia uma segunda trança escondida no peito.

28. Que qualidades a Princesa descobriu em João?
Descobriu que ele era esperto, inteligente e hábil.

29. A Princesa concluiu que João era hábil porque soube descobrir o segredo dela;
que era esperto porque soube escondê-lo;
e que era inteligente porque soube contá-lo com graça.

30. Como termina a história?
Casaram-se e foram muito felizes.

Questões de interpretação. Para responder às questões de interpretação, aluno deverá formular algumas conclusões sobre o texto. Essas conclusões não são afirmações feitas pelo autor, são relações que você estabelece entre as informações apresentadas no texto. Perceba que esta etapa do estudo do texto é mais complexa. Para tirar conclusões, você deve ter compreendido muito bem o texto, ou seja, deve conhecer todos os seus principais de ta lhes. Se você respondeu com atenção às questões de compreensão, deve estar conhecendo todas as informações apresentadas pelo autor. Agora irá refletir e relacioná-las. À primeira vista, você poderá achar que muitas questões de interpretação são repetições de questões de compreensão. Mas isso não é verdade. Leia atentamente cada uma das questões de interpretação e observe que elas exigem que você reflita e tire conclusões a respeito de informações apresentadas no texto.

1. Quando João pediu uma roupa à mãe, ele já tinha um plano? Por que você chegou a essa conclusão?
Sim, pois ele levou apenas um porquinho, e não os três.

2. Qual a real intenção de João ao decidir levar os porquinhos?
Seduzir a Princesa para que ele pudesse descobrir seu segredo.

3. Por que a Princesa estava acanhada de mostrar desde o tornozelo até a coxa?
Provavelmente ela nunca havia mostrado seu corpo para um homem.

4. Quando João Bobo ofereceu o segundo porquinho, a Princesa já tinha uma ideia do que ele iria pedir? Que afirmação do texto permite chegar a essa conclusão?
Já, pois a Princesa perguntou o preço com “uma certa malícia”. (O narrador silencia no que diz respeito a esse assunto. A omissão nos permite supor que ela estava menos envergonhada. Mas não podemos provar isso. É importante mostrar  ao aluno  que  algumas  interpretações  podem  ser  provadas  com citações do texto; outras são conjecturas que o texto permite, embora não possamos prová-las de modo absoluto. Se o aluno não concordar com a interpretação sugerida, o(a) professor não deverá impô-la, mas tentar provar para o aluno o caminho percorrido para se  chegar àquela resposta.

5. Na segunda vez, João Bobo voltou para casa tão contente quanto na vez anterior, ou mais contente? Por que isso teria acontecido?
Provavelmente estava mais contente na segunda vez, pois não há referência ao seu estado de espírito na primeira. Isso poderia ter ocorrido por perceber que seu plano estava dando certo.

6. João teve paciência de esperar para descobrir o segredo? Que fatos permitem chegar a essa conclusão?
Sim. Ele planejou tudo em três etapas, sem afobação e disfarçadamente.

7. Na sua opinião, por que ele não tentou descobrir o segredo imediatamente? Por que ele começou pelo tornozelo?
Resposta livre.
a) Talvez para não assustá-la.
b) Para que ela se acostumasse aos poucos.
c) Para disfarçar.

8. Na sua opinião,
 a) João era bobo mesmo e se transforma ao longo da história.
b) João se fazia de bobo.
c) a comunidade pensava que ele era bobo.
 RESOLUÇÃO: Resposta: A
(Não imponha essa resposta ao aluno se ele conseguir justificar-se.)

9. Compare.
 a) No início da história, João se dirige à mãe, dizendo: “Vou a... a... até o palácio real a... a...adivinhar.”
b) No final da história, João se dirige ao Rei, dizendo: “Senhor Rei, sua filha é bela e tem fartos cabelos. Assim como possui uma trança que lhe cai pelas costas, suponho que tenha outra escondida no peito.” O que podemos concluir?
Podemos concluir que houve uma transformação na fala de João: ela ficou mais firme. João passou a falar com clareza, sem gaguejar.

Reflexões sobre a estrutura do texto.  Você está estudando os textos narrativos. Para fazer uma narração, isto é, contar uma história, é preciso introduzir no texto alguns elementos. Ao contar uma história, é preciso relatar ações (isto é, o que aconteceu). Uma história costuma ter personagens. O autor pode ou não dizer o lugar e o tempo em que a história se passa. Dependendo da história e do estilo do autor, alguns elementos têm maior ou menor importância. É importante você analisar como o autor introduz cada elemento do texto que produziu e qual a importância que dá a eles. Esse exercício irá familiarizá-lo com diferentes estruturas de textos e, dessa forma, poderá ajudá-lo a redigir com mais facilidade e melhor.

1. O narrador faz parte da história de João Bobo? Ele é uma personagem?
Não.

2. O narrador diz onde a história se passa?
Não. Sabemos apenas que João vai ao palácio.

3. Sabemos quando a história se passa?
Não.

4. Qual é a única personagem que tem nome? O que esse nome nos informa sobre a personagem?
João. O nome informa que ele era (ou era considerado) bobo.

5. A intriga se resolve com ou sem a participação de magia?
A intriga se resolve sem a participação de magia.
(Peça à classe que copie a formulação da resposta 5.) 

Produção de um conto
Desde pequeno até hoje, você deve ter ouvido alguns contos populares, que foram transmitidos oralmente de uma geração a outra. Procure lembrar-se de um de que gostou especialmente. Hoje você irá contar esta história por escrito, resumidamente. Antes, responda às questões a seguir para identificar as informações importantes que deve incluir em seu texto.
1. A história se passa em algum lugar definido? Em caso afirmativo, onde?
2. A história se passa em alguma época definida?
3. Quem são as personagens principais do conto e quais as suas características?
4. Alguma personagem tem poderes sobrenaturais? Em caso afirmativo, quais poderes sobrenaturais?
5. Resuma os principais acontecimentos da história em ordem cronológica.
·        Escreva seu conto;
·        Leia-o fazendo as correções;
·        Passe-o a limpo.