sábado, 17 de novembro de 2012

 Avaliação de leitura para 6º ano com gabarito (projeto Araribá)


Indo para a escola nova

Lá estava eu. Ainda me lembro...

Desci do carro e dei de cara com o novo. Segui pela rua, em linha reta. Ela me parecia muito maior do que ontem, quando fiz o mesmo trajeto de mãos dadas com minha mãe.

Mas, naquela hora, estava só. A cidade de São Paulo que eu via sempre da janela do carro estava agora sob meus pés, ao alcance da minha mão...

Estava por minha conta, com minha mochila nas costas rumo ao meu primeiro dia de aula na escola nova. Estava por minha conta... Era estranho. Não havia ninguém para me dizer o que fazer. Eu não sabia se devia estar assustado, mas estava feliz, sentindo-me muito importante.

Era muito interessante ver aquelas pessoas apressadas. Algumas comiam enquanto andavam.

Acho que não tinham almoçado como eu... Outras paravam nos pequenos bares e compravam seus lanches recheados de ketchup e mostarda com refrigerante. Refrigerante! Não resisti quando dei com o olho naquele cartaz da Coca-Cola: a garrafa inclinada, derramando o líquido escuro no copo gelado... Parecia diferente de todas as outras que eu já tinha bebido. Entrei na lanchonete e resolvi começar a gastar o meu dinheiro do lanche comprando uma Coca-Cola gelada de garrafinha. O copo era igualzinho ao da foto.

Achei o máximo poder imitar a imagem e fazer o que "me dava na telha".

Precisei sentar no banquinho até acabar com o refrigerante. Julguei que não daria muito certo sair com aquela embalagem de vidro na mão.

Ao meu lado, estava um casal – também influenciado pela propaganda – combinando o que serviriam na barraquinha que eles montavam todos os anos na festa da igreja da padroeira do bairro. Eu me perdi prestando atenção naquela conversa. Eles falavam muito alto e de um jeito engraçado. Quando eu ouvi o homem – com aquela voz cantada – perguntar se ela achava que o sucesso da festa se repetiria, pensei que eu poderia estar diante de um dos exemplos que minha professora de português ensinou no ano passado...

Mas quando ela respondeu, cheia de segurança: "Claro, belo, nóis é da Mooca!", eu tive a certeza. Senti saudades da professora, da escola...

Da escola! Quase caí da banqueta!

O relógio da parede denunciou meu erro... Guardei a carteira na mochila e saí correndo rua afora. Atravessei e me vi diante da passarela que me levaria à estação do metrô, às catracas, ao trem... Cheguei a tremer sem saber se era por estar sozinho ou por pavor de chegar atrasado.

Passei meu bilhete, corri escada abaixo; o trem parou, entrei pela porta, que na hora me pareceu uma boca de leão, e sentei. Agora é só esperar...

 

SOARES, Lourdinha. Texto elaborado pela autora para fins didáticos.

Cópia autorizada.

1. O texto que você acabou de ler é uma crônica. Leia as alternativas a seguir e assinale as que apresentam características de crônica:

( ) É um texto narrativo.

( ) A presenta, como assunto, um acontecimento do dia a dia.

( ) O final é sempre um "final feliz".

( ) O s personagens são sempre adultos.

( ) Muitas vezes, a crônica utiliza-se do humor.

 

2. A ação, nos textos narrativos, apresenta quatro momentos. Identifique-os no texto.

A situação inicial:

O conflito:

O clímax:

O desfecho:

 

3. Em relação ao tempo e ao espaço:

a) Em que cidade e em que estado se desenrola a ação?

b) O narrador cita um antigo bairro da cidade de São Paulo. Mesmo que você nunca tenha ouvido falar nele, dá para descobrir. Qual é?

c) Onde o narrador se encontra no momento da ação?

d) Qual é o tempo da narrativa: presente ou passado?

e) Em que momento do dia se passa a ação?

 

4. No texto, o narrador menciona um exemplo de linguagem não verbal. Identifique esse trecho e justifique a sua escolha.

 

5. Marque V nas alternativas verdadeiras e F nas falsas.

( ) O narrador é do sexo feminino.

( ) O texto está em 3a pessoa.

( ) Quando o narrador escuta o casal falando "meio cantado" e ouve a  resposta "meio italianada" que a mulher dá, lembra-se da professora de português do ano passado ensinando as variações da linguagem. A maneira de falar dos moradores da Mooca é decorrente do grande número de imigrantes italianos que formaram o bairro.

( ) O casal que estava ao lado do narrador também bebia Coca-Cola.

( ) O narrador disse: "entrei pela porta, que na hora me pareceu uma boca de leão", porque

havia um grande adesivo de leão na porta do trem.

 

 

6. O que o narrador quis dizer com "O relógio da parede denunciou meu erro"?

 

7. O narrador não conta como foi a sua chegada à escola. Como você gostaria que fosse esse episódio?

 

Gabarito:

1.

(X) É um texto narrativo.

(X) Apresenta, como assunto, um acontecimento do dia a dia.

( ) O final é sempre um "final feliz".

( ) Os personagens são sempre adultos.

(X) Muitas vezes, a crônica utiliza-se do humor.

 

2.

A situação inicial: O começo da descrição da história.

O conflito: O personagem, encantado com as novidades, vai se distraindo e esquece o seu objetivo – pegar o metrô e chegar à escola sem atraso.

O clímax: Ao lembrar-se da professora e da escola, o personagem volta à realidade e percebe o atraso. Precisa correr.

O desfecho: Consegue chegar ao trem, senta e espera.

3.

a) São Paulo / São Paulo.

b) Mooca.

c) Numa estação de metrô e numa rua próxima.

d) Passado. O narrador usa verbos indicando o tempo passado; e, logo no início, diz: "Ainda me lembro...".

e) Após o horário de almoço. O narrador diz: "Acho que não tinham almoçado como eu...".

4.

O trecho é "Não resisti quando dei com o olho naquele cartaz da Coca-Cola: a

garrafa inclinada, derramando o líquido escuro no copo gelado... Parecia diferente

de todas as outras que eu já tinha bebido. Entrei na lanchonete e resolvi começar a

gastar o meu dinheiro do lanche comprando uma Coca-Cola gelada de garrafinha.

O copo era igualzinho ao da foto. Achei o máximo poder imitar a imagem e fazer o

que 'me dava na telha".

Neste trecho, o narrador não comenta ter lido nada no cartaz, mas o que viu foi suficiente para motivá-lo a entrar e beber a Coca-Cola.

 

5.

(F) O narrador é do sexo feminino.

(F) O texto está em 3a pessoa.

(V) Quando o narrador escuta o casal falando "meio cantado" e ouve a resposta "meio italianada" que a mulher dá, lembra-se da professora de português do ano passado ensinando as variações da linguagem. A maneira de falar dos moradores da Mooca é decorrente do grande número de imigrantes italianos que formaram o bairro.

(V) O casal que estava ao lado do narrador também bebia Coca-Cola.

(F) O narrador disse: "entrei pela porta, que na hora me pareceu uma boca de leão", porque

havia um grande adesivo de leão na porta do trem.

 

6. Quando o menino se lembra da professora e da escola do ano anterior, volta sua atenção para o que deveria fazer: pegar o metrô para chegar à nova escola. Com certeza, olhou para o relógio, fixado na parede, e viu que estava atrasado. Percebeu que tinha errado: não deveria ter parado na lanchonete.

 

7. Resposta pessoal.

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