quarta-feira, 1 de junho de 2011

SEM ABORTO. COM DOR... Interpretação de texto - Ensino Médio

SEM ABORTO. COM DOR...         

 

A decisão do Supremo Tribunal Federal de derrubar a liminar que autorizava o aborto de fetos sem cérebro é a expressão de um retrocesso. É verdade que as pressões religiosas, principalmente dos  católicos, chegaram a um ponto inédito, de tão abertas e escancaradas.  Os igrejeiros atulharam os e-mails dos ministros do STF, entupiram os  aparelhos de fax e houve quem tenha ido ao tribunal para distribuir  pessoalmente panfletos e cartazes na campanha contra o aborto.  Circularam comentários, com suspeita insistência, de que houve até  ministro redigindo seu voto com o prestimoso auxílio de um arcebispo  da Igreja Católica. No fim, por 7 votos a 4, os ministros derrubaram a  liminar. Resta  uma esperança. O STF terá de tomar uma decisão  definitiva sobre o tema, autorizando ou proibindo o aborto, quando  julgar o mérito da ação em data a ser marcada. Mas a cassação da  liminar já emite um sinal desolador de que a maioria dos ministros  tende a votar pela proibição do aborto. A decisão do STF é perfeitamente lógica e defensável do ponto de  vista teológico, mas é um monstro do ponto de vista jurídico. No  universo da fé, a vida é uma dádiva divina. Só Deus pode tirá-la. O  aborto, qualquer um, mesmo o aborto terapêutico de fetos sem  cérebro, cuja chance de sobreviver fora do útero é nula, mesmo nesses  casos, é visto como pecado e, portanto, inadmissível. No mundo  jurídico de um Estado laico, porém, as coisas não funcionam assim.  Não somos guiados na vida civil pelos dogmas católicos, evangélicos,  islâmicos, candomblecistas. E, neste mundo, a vida não é sagrada, nem  mesmo absoluta. Tanto que a legislação brasileira não preserva a vida  fetal sob qualquer hipótese. Ao contrário. Autoriza o aborto se a  gestante correr risco de vida ou se a gravidez for resultado de estupro.  Por que nesses casos pode, mas no caso de um feto sem cérebro não?  Aparentemente apenas porque o STF, que deveria ater-se aos princípios legais como corte constitucional de um Estado laico, se  deixou influenciar por utopias bíblicas. Um atraso e tanto.[....]

 

01  - O principal argumento do jornalista em defesa de seu ponto de  vista é o de que:

(A) Estado e Religião não devem misturar-se;

(B) são ilegítimas as pressões sobre o Estado;

(C) a vida humana é mais importante que qualquer dogma;

(D) o poder teológico deve prevalecer sobre o jurídico;

(E) a opinião pública é mais sábia que as leis.

 

02 - Segundo o texto, a maior responsabilidade pela cassação da liminar  deve-se:

(A) à pressão da Igreja Católica;

(B) à atuação dos ministros do STF;

(C) a um arcebispo da Igreja Católica;

(D) à falta de esclarecimento público;

(E) à falta de comunicação do STF.

 

03  - "...chegaram a um ponto inédito, de tão abertas e escancaradas";  esta frase equivale a:

(A) chegaram a um ponto inédito, apesar de abertas e escancaradas;

(B) chegaram a um ponto inédito, já que tão abertas e escancaradas;

(C) embora tão abertas e escancaradas, chegaram a um ponto inédito;

(D) chegaram a um ponto inédito, se tão abertas e escancaradas;

(E) chegaram a um ponto tão inédito, mas abertas e escancaradas.

 

04  - "...chegaram a um ponto tão INÉDITO,..."; nesse contexto, o  vocábulo em maiúsculas equivale a algo:

(A) nunca publicado antes;

(B) nunca ocorrido antes;

(C) jamais discutido antes;

(D) nunca analisado antes;

(E) jamais acionado antes.

 

05 - No título do texto, a "dor" refere-se ao/à:

(A) sofrimento de quem deve fazer aborto;

(B) padecimento dos pais pela extinção de uma vida;

(C) desolação do autor pela decisão do STF;

(D) desilusão dos pais que não podem fazer aborto;

(E) angústia dos católicos na defesa da vida

 

06  - Ao chamar os católicos de "igrejeiros", o autor do texto revela  intenção de:

(A) elogiar a ação da Igreja Católica;

(B) destacar a grande quantidade de católicos no país;

(C) enfatizar o poder político dos católicos;

(D) mostrar a devoção religiosa de um grupo;

(E) criticar o exagero de certas posições.

 

07  - "É verdade que as pressões religiosas, principalmente dos católicos, chegaram a um ponto inédito, de tão abertas e escancaradas";  só NÃO se pode inferir (deduzir) desse segmento do texto que:

(A) os católicos formaram o grupo de maior pressão sobre o STF;

(B) as pressões são normalmente realizadas de forma mais discreta;

(C) outros grupos religiosos pressionaram o STF;

(D) todas as pressões referidas possuíam igual teor;

(E) as pressões sobre o STF sempre alcançam seus objetivos.

 

08 - Os verbos "atulhar" e "entupir" servem para indicar:

(A) demasiado trabalho;

(B) ação desorganizada;

(C) quantidade exagerada;

(D) interferência ocasional;

(E) atividade política.

 

09  - "...mesmo nesses casos, é visto como pecado e, portanto,  inadmissível. No mundo jurídico de um Estado laico, porém, as coisas  não funcionam assim"; os termos que substituem, de forma adequada, respectivamente, os sublinhados no segmento dado, são:

(A) logo / entretanto;

(B) por isso / pois;

(C) assim / visto que;

(D) então / embora;

(E) logo que / todavia.

 

10  - "Só Deus pode tirá-la"; esse é um pensamento, que, segundo o  autor do texto:

(A) pertence à Igreja e ao Estado;

(B) nem sempre é respeitado pela Igreja;

(C) é seguido fielmente pelo Estado;

(D) se localiza somente no espaço teológico;

(E) se justifica em todos os níveis da vida.

 

11  - "E, neste mundo, a vida não é sagrada, nem mesmo absoluta"; o  mundo ao que esse segmento do texto se refere é o:

(A) da vida religiosa em geral;

(B) de algumas das religiões citadas;

(C) teológico e jurídico;

(D) da vida civil;

(E) dos candomblecistas.

 

12 – Leia os textos 01 e 02 para responder a questão seguinte:

 

Texto 01

Apesar de a questão ter despertado tantas opiniões, não temos, ainda, uma proposta concreta da Abravest (Associação Brasileira do Vestuário). A oferta verbal foi de uniformes com pequena propaganda institucional na manga da camisa e no bolso traseiro da calça, excluindo bebida e fumo. A polêmica é útil menos pela questão dos uniformes e mais por discutir a parceria público-privada, desnudar as mazelas da educação, suas prioridades óbvias que fazem destes R$ 65 milhões gastos [pelo governo] com uniformes uma verba preciosa para atender suas reais necessidades. [...]

Com os R$ 65 milhões, poderíamos,  a cada ano, construir mais 50 escolas ou colocar 35 mil crianças nas creches conveniadas e dar melhor conforto aos nossos professores. Acabaríamos, em quatro anos, com a demanda reprimida das creches, com os três turnos diurnos e melhoraríamos a qualidade do ensino. (José Aristodemo Pinotti)

 

Texto 02

O uso de propaganda nos uniformes das escolas da Prefeitura de São Paulo fere os direitos constitucionais das crianças e dos adolescentes. O mesmo artigo 227 da Constituição de 1988, que estabelece o direito à educação, determina como dever do Estado protegê-los da exploração econômica.

Ao utilizar os uniformes escolares para veiculação de logomarca comercial, a prefeitura, em flagrante contradição com a lei federal, faz deles garotos e garotas-propaganda de empresas que obviamente pretende obter retorno financeiro por meio da divulgação da logomarca institucional ou marca de seu produto no espaço escolar, nos meios de transporte e em todos os lugares por onde andarem os eventuais recém-contratados outdoors ambulantes. (Fabio Bezerra de Brito)

 

Segundo os textos 1 e 2, é correto afirmar:

 

I. Embora façam uso de argumentos diferentes, Pinotti  e Brito defendem o mesmo ponto de vista sobre a veiculação de propaganda nos uniformes escolares.

II. Para Brito, é inaceitável veicular publicidade em uniformes escolares, uma vez que essa prática configura a exploração econômica de crianças e adolescentes.

III. Segundo Pinotti, a questão dos uniformes com propaganda dos patrocinadores já foi discutida com a Abravest, mas as instituições interessadas ainda não formalizaram um acordo.

IV.  Para Pinotti, os benefícios decorrentes da economia com a compra de uniformes são maiores que o custo de impor aos alunos uniformes com publicidade.

 

Assinale a alternativa correta.

a-( ) Somente as afirmativas II, III e IV são verdadeiras.

b-( ) Somente as afirmativas I e II são verdadeiras.

c-( ) Somente as afirmativas III e IV são verdadeiras.

d-( ) Somente as afirmativas I, II e III são verdadeiras.

e-( ) Somente as afirmativas I e IV são verdadeiras

 

1ªA, 2 A, 3 B, 4 B, 5 C, 6 E,7 E, 8 C, 9 A, 10 D, 11 D, 12 A.

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