domingo, 13 de abril de 2014

Interpretação de texto para 2º ano - ensino médio.

            A língua, em sua infinitude, em sua heterogeneidade e em  seu constante processo de mudança, é, no fundo,  incontornável. Isto é, não dispomos de meios para cercá-la,  para riscar um traço a seu redor, para desenhar uma linha que a contenha.

            Claro, a nossa cultura linguística tradicional tem enormes dificuldades para conviver com essas características da língua. Diante do infinito, do heterogêneo e do sempre mutante, muitas pessoas clamam por regras categóricas.

            Surgem, então, aqueles que se arrogam o direito de ditar  tais regras. Como não há um papa ou um supremo tribunal federal linguístico, alguns se acham no direito de assumir o papel de autoridade: inventam regras e proibições, condenam usos normais e ficam execrando e humilhando os falantes. E, pior, nunca admitem contestação. Infelizmente, esse autoritarismo gramatical, essas atitudes autocráticas têm grande prestígio nanossa sociedade, em especial entre alguns dos nossos intelectuais. No entanto,

um dos efeitos desse autoritarismo linguístico tem sido justamente bloquear o amplo acesso social a um bom

domínio da língua. Inibe e constrange. De um lado, porque instaura uma insegurança nos falantes. De outro, porque se aproxima dos fatos da língua sempre de modo fragmentário  (arrolam picuinhas sobre picuinhas – alguns chegam até a ultrapassar a casa do milhar), sem nunca oferecer uma perspectiva de conjunto da nossa realidade linguística, em particular da norma culta/comum/standard.

            Se não dispomos de uma autoridade suprema em matéria de língua, como podemos dirimir dúvidas ou arbitrar  polêmicas? Não temos alternativa, a não ser observar criteriosa e sistematicamente os usos. No caso da norma  culta/comum/standard, os bons dicionários e as boas gramáticas devem registrar e consolidar os usos

observados. Não cabe a eles criar regras, mas – observando os usos – cabe a eles descrever e consolidar  os fatos dessa norma.

FARACO, Carlos Alberto.

01. A análise de aspectos linguísticos presentes no  texto nos leva a concluir que:

1) Logo no primeiro parágrafo, identificam-se  palavras formadas pelo prefixo in-, com sentido  de 'inclusão': 'infinitude' e 'incontornável'.

2) No trecho: "arrolam picuinhas sobre picuinhas", a  preposição contribui para expressar a idéia de  quantidade: "arrolam picuinhas e mais picuinhas".

3) No trecho: "Surgem, então, aqueles que se  arrogam o direito de ditar tais regras.", a próclise  é opcional; a opção pela ênclise seria igualmente  aceita pela norma padrão da língua.

4) No trecho: "Não cabe a eles criar regras, mas –  observando os usos – cabe a eles descrever e  consolidar os fatos dessa norma.", o uso dos  travessões tem o efeito de enfatizar o trecho  'observando os usos', garantindo-lhe saliência  informativa.

 Estão corretas:

A) 1 e 3, apenas.

B) 1 e 4, apenas.

C) 2 e 4, apenas.

D) 2 e 3, apenas.

E) 1, 2, 3 e 4.

02. A análise de algumas formas verbais utilizadas no  texto nos permite afirmar corretamente que:

A) o trecho destacado em: "não dispomos de meios  (...) para desenhar uma linha que a contenha."  poderia estar no imperfeito do subjuntivo; neste  caso, a forma verbal correta seria 'que a  contesse'.

B) por meio da forma verbal destacada no trecho:  "os bons dicionários e as boas gramáticas devem  registrar e consolidar os usos observados" o  autor faz uma recomendação.

C) no trecho: "No entanto, um dos efeitos desse  autoritarismo linguístico tem sido justamente  bloquear o amplo acesso social a um bom  domínio da língua.", a forma verbal destacada  indica voz passiva.

D) a forma verbal utilizada no trecho: "Se não  dispomos de uma autoridade suprema em  matéria de língua, (...)" indica possibilidade futura.

E) no trecho: "Surgem, então, aqueles que se  arrogam o direito de ditar tais regras.", a opção  pelo presente do indicativo revela que o autor  está supondo que um fato poderia ocorrer.

 

03. A utilização do sinal indicativo de crase tem relação,  também, com a regência dos verbos. Sabendo disso,

assinale a alternativa na qual esse sinal foi  corretamente utilizado.

A) Quando fala em 'infinitude da língua', o autor se  refere à incalculáveis usos possíveis da língua.

B) Algumas 'proibições' na língua atrelam-se mais à  preconceito do que à reflexões sobre os usos.

C) Há regras gramaticais absurdas, que chegam à  proibir certos usos que já são correntes.

D) A atitude de 'autoritarismo linguístico', à qual o  autor alude no texto, está longe de ser superada.

E) No texto, o autor dirige sua crítica à todos que  adotam uma visão normativa da gramática.

 

04. "Depois da revolução romântica, formou-se em nosso  país um grupo de poetas que desejava restaurar a

poesia clássica. Propuseram, então, uma poesia  objetiva, de elevado nível vocabular, racionalista,  perfeita do ponto de vista formal e voltada para temas  universais." Instauraram, assim, no Brasil:

A) o Parnasianismo.

B) o Simbolismo.

C) o Pré-Modernismo.

D) o Realismo.

E) o Naturalismo.

 

1C 2B 3D 4A

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