domingo, 13 de abril de 2014

Interpretação textual para o 1º ano - ensino médio

                   Os puristas e a mentira do "vale-tudo"


            Atenção! Cuidado! Alerta! Não acredite nos puristas que  andam declarando nos meios de comunicação que os  linguistas são defensores do "vale-tudo" na língua. Esse é  mais um dos muitos argumentos falaciosos que eles  utilizam para desqualificar os resultados das pesquisas  científicas e as propostas de renovação da pedagogia de  língua inspiradas em critérios mais racionais e menos  dogmáticos, e em posturas políticas menos intolerantes e  mais democráticas.

            É claro que, numa perspectiva exclusivamente linguística,  de análise da língua em seu funcionamento interno, tudo  tem o seu valor. Afinal, como nada na língua é por acaso,  então toda e qualquer manifestação linguística está sujeita  a regras e tem sua lógica interna: não há razão para  atribuir maior ou menor valor à forma linguística A ou à  forma linguística B. Seria algo tão inaceitável quanto um  zoólogo achar que as borboletas têm maior valor que as  joaninhas e que, por isso, as joaninhas devem ser  eliminadas... Para o cientista da linguagem, toda  manifestação linguística é um fenômeno que merece ser  estudado, é um objeto digno de pesquisa e teorização, e  se uma forma nova aparece na língua, é preciso buscar as  razões dessa inovação, compreendê-la e explicá-la  cientificamente, em vez de deplorá-la e condenar seu  emprego.

            Mas o linguista consciente também sabe que a língua está  sujeita a avaliações sociais, culturais, ideológicas, e que  precisa também ser estudada numa perspectiva  sociológica, antropológica, política etc. Nessa perspectiva,  existem formas linguísticas que gozam de maior prestígio  na sociedade, enquanto outras – infelizmente – são alvo  de estigma, discriminação e até de ridicularização. As  mesmas desigualdades, injustiças e exclusões que  ocorrem em outras esferas sociais – no que diz respeito,  por exemplo, ao sexo da pessoa, à cor da pele, à  orientação sexual, à religião, à classe social, à origem  geográfica etc. – também exercem seu peso sobre a língua  ou, mais precisamente, sobre modos particulares de falar a  língua.

BAGNO, Marcos.

01. Relacionando as ideias do texto a aspectos gerais da  língua falada e da escrita, analise as proposições  abaixo.

1) Numa perspectiva exclusivamente linguística,  não há como negar que a modalidade escrita é  comunicativamente mais correta, já que a  modalidade falada está mais sujeita a variações.

2) As manifestações mais evidentes de preconceito  linguístico se aplicam à modalidade falada da  língua e atingem, especialmente, as pessoas  que não dominam o que se chama de 'Norma  Culta'.

3) As atitudes discriminatórias que atingem certas  variantes da modalidade falada se assemelham  às desigualdades, injustiças e exclusões que  ocorrem em outras esferas sociais.

4) Para o cientista da linguagem, a alta frequência  de formas linguísticas novas que surgem todos  os dias na modalidade falada atesta a maior  dinamicidade dessa modalidade, em relação à  escrita.    Estão corretas:

A) 1, 2, 3 e 4

B) 2, 3 e 4, apenas

C) 1, 3 e 4, apenas

D) 1, 2 e 4, apenas

E) 1, 2 e 3, apenas

 

02. A análise das características gerais do Texto 1 nos  permite afirmar que:

1) apesar de ele ser iniciado com trechos  apelativos, do ponto de vista funcional, trata-se  de um texto expositivo, com argumentação  consistente em defesa de um posicionamento  teórico.

2) de um ponto de vista semântico, vê-se que há  evidente prevalência do sentido conotativo das  palavras e expressões nele empregadas, como  requer o gênero de texto selecionado.

3) nele, optou-se pela simplicidade vocabular e  pela obediência às recomendações da Norma  Padrão da língua, sem a utilização de muitas  figuras de linguagem que dificultassem sua  compreensão.

4) embora, do ponto de vista temático, ele aborde  questões referentes à língua, sua função não é  privilegiadamente metalinguística; o que  sobressai é sua função referencial.   Estão corretas:

A) 1, 2, 3 e 4

B) 1, 2 e 3, apenas

C) 1, 2 e 4, apenas

D) 1, 3 e 4, apenas

E) 2, 3 e 4, apenas

 

03. Mais relevante do que saber em que classe  gramatical uma palavra se enquadra é saber que  função essa palavra desempenha no texto e que  efeito de sentido provoca no discurso. Nessa  perspectiva, assinale a alternativa correta.

A) No trecho: "Não acredite nos puristas que  andam declarando nos meios de comunicação  que os linguistas são defensores do "vale-tudo"  na língua. Esse é mais um dos muitos  argumentos falaciosos que eles utilizam para  desqualificar os resultados das pesquisas  científicas (...).", os pronomes destacados levam  o leitor a realizar um movimento de retomada no  texto, o que promove a coesão entre fragmentos  desse trecho.

B) No trecho: "Afinal, como nada na língua é por  acaso, então toda e qualquer manifestação  linguística está sujeita a regras e tem sua lógica  interna:", o termo destacado é uma conjunção  que, nesse contexto, tem valor comparativo.

C) No trecho: "É claro que, numa perspectiva  exclusivamente linguística, de análise da língua  em seu funcionamento interno, tudo tem o seu  valor.", a expressão 'É claro' expressa um  sentido adverbial de dúvida e suposição.

D) O último parágrafo é iniciado com uma  conjunção: "Mas o linguista consciente também  sabe que a língua está sujeita a avaliações  sociais, culturais, ideológicas, (...).", que cumpre  a função de intensificar a referência feita ao  número de 'linguistas conscientes'.

E) No trecho: "existem formas linguísticas que  gozam de maior prestígio na sociedade,  enquanto outras – infelizmente – são alvo de  estigma, discriminação e até de ridicularização.",  o advérbio destacado indica o modo como as  formas linguísticas são discriminadas.

 

04. As regras ortográficas, mesmo sendo oficialmente  sancionadas, passam por alterações de tempos em

tempos. Acerca das regras ortográficas da língua  portuguesa, assinale a alternativa correta.

A) A supressão do trema, a partir do Acordo  Ortográfico que entrou em vigor em janeiro de  2009, alterou a grafia, por exemplo, das palavras  'distinguir' e 'sequidão'.

B) A regra que prevê acento em todas as palavras  proparoxítonas justifica o acento de palavras  como 'rúbrica' e 'púdica'.

C) Ainda que a letra h não represente um fonema  no início de algumas palavras, ela deve estar  presente, por exemplo, em: 'humidade' e  'hojeriza'.

D) Devem ser grafadas com c palavras como:  'pretencioso' e 'ancioso'.

E) Deve grafar-se com ç a palavra 'exceção'; e com  ss a palavra 'repercussão'.

 

05. O Texto 1 recomenda que tenhamos cuidado com os  "puristas". Na Literatura, também é possível identificar  uma visão mais, ou menos, purista da linguagem. A  esse respeito, assinale a alternativa correta.

A) A produção poética da 1ª geração romântica  apresenta forte preocupação purista, do que  decorre uma tentativa de fazer renascer a língua  portuguesa segundo os padrões lusitanos, com  forte rejeição às formas linguísticas nacionais.

B) O Arcadismo se destaca como um dos  movimentos literários de maior rigor purista, que  se revela na preferência por uma linguagem  rebuscada, vocabulário erudito, de difícil acesso  e frases na ordem inversa.

C) Os autores barrocos revelam uma visão purista  da linguagem ao privilegiarem o cultismo, que se  caracteriza pelo rebuscamento formal,  manifestado no jogo de palavras e no excessivo  emprego de figuras de linguagem.

D) A produção literária da 2ª geração romântica,  opondo-se à 1ª, adota uma visão nada purista,  revelada na extrema simplicidade da linguagem,  que rejeitava formas lusitanas para expressar,  nos textos, a grande alegria de ser brasileiro.

E) A 3ª geração romântica, antecipando a visão  pouco purista do Realismo, que viria em  seguida, prefere uma linguagem despojada,  direta e até chula, que consiga retratar com  objetividade a realidade brasileira

                             1B 2D 3A 4E 5C.

           


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