segunda-feira, 29 de setembro de 2025

Jornada SAEGO

Língua Portuguesa -

ROMANCE

QUESTÃO 1

Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas como haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas. Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem dos juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados da catinga rala. Arrastaram-se para lá, devagar, sinha Vitória com o filho mais novo escanchado no quarto e o baú de folha na cabeça, Fabiano sombrio, cambaio, o aió a tiracolo, a cuia pendurada numa correia presa ao cinturão, a espingarda de pederneira no ombro. O menino mais velho e a cachorra Baleia iam atrás. Os juazeiros aproximaram-se, recuaram, sumiram-se. O menino mais velho pôs-se a chorar, sentou-se no chão. [...]

RAMOS, Graciliano. Vidas secas.120ª ed. – Rio de Janeiro: Record, 2013. (fragmento)


O trecho trata principalmente

A) da busca por um lugar para plantar e iniciar uma nova vida.

B) do deslocamento de uma família em viagem de passeio.

C) da caminhada de uma família em condições precárias.

D) da chegada de viajantes a uma cidade desconhecida.

 

QUESTÃO 2

Tudo, afinal, tinha passado, menos a lembrança daquele beijo. Menos a lembrança de Cristiano. Pensou em telefonar para ele mas, se telefonasse, o que iria dizer? Na certa acabaria nervosa, fazendo alguma de suas gozações, e estragaria tudo. Não, tudo não. Não havia o que pudesse estragar o que tinha começado com aquele beijo. Aquele beijo fora um compromisso. Não por ter sido um beijo. Mas por ter sido um beijo como aquele.

Isabel tinha pressa. É claro que tinha pressa. Era preciso reencontrar Cristiano para não o largar nunca mais. Mas era domingo, dia-de-sair-com-papai. Esta era outra razão para esperar mais um dia, o dia que separava a descoberta do seu sonho e o reinício das aulas. O início de uma nova vida. Uma vida com Cristiano. [...]

BANDEIRA, Pedro. A marca de uma lagrima. São Paulo: Moderna, 1986. (fragmento)

De acordo com o trecho, pode-se deduzir que

A) Isabel tem medo de que Cristiano esteja apaixonado por outra menina.

B) Isabel quer encontrar com Cristiano, mas ainda não sabe como agir.

C) Isabel desistiu de ligar para Cristiano porque não acredita no que sente.

D) Isabel prefere esperar que Cristiano tome a iniciativa de procurá-la.

 

QUESTÃO 3

Uma coisa voltava com impiedosa insistência e regularidade ao espírito de Espinosa: a convicção de que episódios como o do rapaz era o que quebrava a monotonia de sua atividade de delegado, cada vez mais tomada por tarefas burocráticas. A imagem do policial como investigador de crimes e captor de bandidos correspondia cada vez menos ao cotidiano da delegacia de polícia. Num país marcado por tamanha desigualdade, a função da polícia não pode ser outra senão impedir o terceiro mundo de invadir o primeiro. Espinosa sabia disso; alguns poucos como ele também sabiam; os demais eram tão marginais quanto os que eles prendiam, agrediam e achacavam. Nesse panorama, a história de um homem ameaçado de se tornar assassino pela predição de um adivinho era sem dúvida diferente. [...]

GARCIA-ROZA, Luiz Alfredo. Vento sudoeste. São Paulo: Companhia das Letras, 1999. (fragmento)


 

No trecho, a expressão destacada contribui para a organização do texto porque

A) antecipa a história do adivinho, sem se ligar às ideias anteriores.

B) retoma o conjunto de ideias descritas antes para introduzir uma nova situação.

C) interrompe o raciocínio anterior para destacar um fato isolado.

D) contradiz a descrição do trabalho de Espinosa como delegado.

 

QUESTÃO 4

Um dia, no verão passado, meu amigo Rahim Khan me ligou do Paquistão. Pediu que eu fosse vê-lo. Parado ali na cozinha, com o fone no ouvido, sabia muito bem que não era só Rahim Khan que estava do outro lado daquela linha. Era o meu passado de pecados não expiados. Depois que desliguei, fui passear pelo Lago Spreckels, na orla norte do parque da Golden Gate. O sol do início da tarde cintilava na água onde navegavam dezenas de barquinhos em miniatura, impulsionados por um ventinho ligeiro. Olhei então para cima e vi um par de pipas vermelhas planando no ar, com rabiolas compridas e azuis. Dançavam lá no alto, bem acima das árvores da ponta oeste do parque, por sobre os moinhos, voando lado a lado como um par de olhos fitando San Francisco, a cidade que eu agora chamava de lar.

HOSSEINI, Khaled. O caçador de pipas. Tradução de Maria Helena Rouanet. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2005. (fragmento)

No trecho, a ligação recebida tem como principal efeito

A) reativar lembranças difíceis que permanecem presentes, apesar da nova vida do narrador.

B) provocar a sensação de que o passado ficou para trás e já não tem importância.

C) motivar uma decisão imediata de retornar ao país onde viveu experiências marcantes.

D) fazer o narrador hesitar sobre continuar atendendo ligações de pessoas de seu passado.

 

QUESTÃO 5

Bruno sentiu um impulso de abraçar Shmuel, apenas para mostrar-lhe o quanto gostava dele e como fora bom conversar com ele durante o ano que passara ali.

Shmuel também sentiu um impulso de abraçar Bruno, apenas para agradecer-lhe pelas incontáveis gentilezas, e pela comida que trazia de presente, e pelo fato de que iria ajudá-lo a procurar pelo pai.

No entanto, nenhum deles abraçou o outro; em vez disso, começaram a caminhada desde a cerca até o campo, uma caminhada que Shmuel fizera quase todos os dias já há quase um ano, quando escapava dos olhares dos soldados e conseguia chegar até a única parte de Haja-Vista que parecia não estar sob vigilância constante, um lugar no qual ele tivera a sorte de encontrar um amigo como Bruno. [...]

BOYNE, John. O menino do pijama listrado. Tradução de Augusto Pacheco Calil. São Paulo: Companhia das Letras, 2007. (fragmento)

No trecho, a expressão "No entanto" produz efeito de

A) condição.

B) dúvida.

C) concordância.

D) contraste.

 


 

CRÔNICA

TEXTO PARA AS QUESTÕES 6, 7 E 8.

Negócio de Menino

Tem dez anos, é filho de um amigo, e nos encontramos na praia:

– Papai me disse que o senhor tem muito passarinho…

– Só tenho três.

– Tem coleira?

– Tenho uma coleirinha.

– Virado?

– Virado.

– Muito velho?

– Virado há um ano.

– Canta?

– Uma beleza.

– Manso?

– Canta no dedo.

– O senhor vende?

– Vendo.

– Quanto?

– Dez contos.

Pausa. Depois volta:

– Só tem coleira?

– Tenho um melro e um curió.

– É melro mesmo ou é vira?

– É quase do tamanho de uma graúna.

– Deixa coçar a cabeça?

– Claro. Come na mão…

– E o curió?

– Por quanto o senhor vende?

– Dez contos.

Pausa.

– Deixa mais barato…

– Para você, seis contos.

– Com a gaiola?

– Sem a gaiola.

Pausa.

– E o melro?

– O melro eu não vendo.

– Como se chama?

– Brigitte.

– Uai, é fêmea?

– Não. Foi a empregada que botou o nome. Quando ela fala com ele, ele se arrepia todo, fica todo despenteado, então ela diz que é Brigitte.

Pausa.

– O coleira o senhor também deixa por seis contos?

– Deixo por oito contos.

– Com a gaiola?

– Sem a gaiola.

Longa pausa. Hesitação. A irmãzinha o chama de dentro d'água. E, antes de sair correndo, propõe, sem me encarar:

– O senhor não me dá um passarinho de presente, não?

   Rubem Braga.


 

QUESTÃO 6

A forma como os personagens interagem contribui para a construção de um texto que se caracteriza por

A) utilizar uma linguagem técnica e formal, típica de textos informativos.

B) apresentar uma situação fantástica que se afasta da realidade do leitor.

C) narrar um episódio do cotidiano com linguagem simples.

D) descrever fatos históricos por meio de uma linguagem objetiva e impessoal.

 

QUESTÃO 7

Com base na pergunta final "– O senhor não me dá um passarinho de presente, não?", é possível entender que o menino

A) acredita que o narrador iria aceitar o pedido com facilidade.

B) tenta conquistar o narrador com uma fala delicada e esperançosa.

C) demonstra que já esperava ouvir um "sim" como resposta.

D) revela que costuma ganhar presentes com frequência.

 

QUESTÃO 8

A principal função das pausas sinalizadas no texto é

A) indicar momentos de silêncio que organizam a conversa, preparando as falas seguintes.

B) apresentar interrupções na fala dos personagens, mostrando confusão no diálogo.

C) explicar os pensamentos do narrador entre as falas do menino.

D) anunciar que o narrador vai mudar de assunto ao longo da conversa.

 

TEXTO PARA AS QUESTÕES 9 E 10

Você pode não acreditar

Você pode não acreditar: mas houve um tempo em que os leiteiros deixavam as garrafinhas de leite do lado de fora das casas, seja ao pé da porta, seja na janela.
A gente ia de uniforme azul e branco para o grupo, de manhãzinha, passava pelas casas e não ocorria que alguém pudesse roubar aquilo.
Você pode não acreditar: mas houve um tempo em que os padeiros deixavam o pão na soleira da porta ou na janela que dava para a rua. A gente passava e via aquilo como uma coisa normal.
Você pode não acreditar: mas houve um tempo em que você saía à noite para namorar e voltava andando pelas ruas da cidade, caminhando displicentemente, sentindo cheiro de jasmim e de alecrim, sem olhar para trás, sem temer as sombras.
Você pode não acreditar: houve um tempo em que as pessoas se visitavam airosamente. Chegavam no meio da tarde ou à noite, contavam casos, tomavam café, falavam da saúde, tricotavam sobre a vida alheia e voltavam de bonde às suas casas.
Você pode não acreditar: mas houve um tempo em que o namorado primeiro ficava andando com a moça numa rua perto da casa dela, depois passava a namorar no portão, depois tinha ingresso na sala da família. Era sinal de que já estava praticamente noivo e seguro.
Houve um tempo em que havia tempo.
Houve um tempo.

SANT'ANNA, A. R. Estado de Minas. 5 maio 2013 (fragmento).

QUESTÃO 9

No texto, a repetição da expressão "Você pode não acreditar" serve para

A) mostrar o espanto com as transformações tecnológicas que alteraram o cotidiano.

B) marcar o contraste entre um tempo de confiança e o atual, mais inseguro e distante.

C) criticar a falta de valorização das tradições pelas novas gerações.

D) ironizar os costumes antigos, mostrando-os como ingênuos e ultrapassados.

 

 


 

QUESTÃO 10

A estratégia utilizada pele autor ao encerrar o texto com o trecho "Houve um tempo em que havia tempo. Houve um tempo." tem como principal efeito

A) provocar uma quebra no ritmo, interrompendo a sequência de fatos para dar um tom crítico ao texto.

B) retomar o início do texto, reforçando a ideia de que o presente superou o passado.

C) ampliar o sentido do texto, transformando as lembranças em uma reflexão mais abrangente sobre o tempo.

D) apresentar uma descrição objetiva, que resume os principais acontecimentos mencionados.

 

 

TEXTO PARA AS QUESTÕES 11 E 12

Delírios de honestidade

Outro dia eu estava pensando em como seria o mundo se as pessoas fossem realmente honestas. Inclusive no mais prosaico cotidiano. Eu me imagino entrando em uma dessas churrascarias de luxo. Sento-me à mesa e peço um filé bem passado ao garçom. Ele me alerta:

— Não aconselho. O filé hoje está uma sola de sapato.

— Peço o quê?

— Peça licença e vá para outro lugar. Olhe bem o cardápio. Pelo preço de um bife o senhor compra mais de 1 quilo no açougue. Quer jogar seu dinheiro fora?

Vou para outro e escolho salmão. O garçom:

— Se o senhor quiser, eu trago. Mas salmão, salmão, não é. É surubim, alimentado de forma a ficar com a carne rosada. Ainda quer?

— Nesse caso fico com escargots.

— Lesmas, quer dizer? Por que não vai catar no jardim? [...]

 

CARRASCO, Walcyr. Delírios de honestidade. In: CARRASCO, Walcyr. O golpe do aniversariante e outras crônicas. 3. ed. São Paulo: Ática, 2003. (fragmento)

QUESTÃO 11

De acordo com o texto, pode-se entender que existe uma crítica

A) ao preço elevado dos pratos e à baixa qualidade do que é servido.

B) ao atendimento informal dos garçons nos restaurantes de luxo.

C) ao excesso de opções sofisticadas nos cardápios dos restaurantes.

D) aos clientes que pedem pratos caros apenas para se exibir.

 

QUESTÃO 12

No texto, a situação imaginada pelo narrador provoca humor principalmente porque

A) mostra que os garçons estão desrespeitando as regras do restaurante.

B) sugere que, se fossem totalmente sinceros, os garçons afastariam os clientes.

C) apresenta informações reais sobre alimentos de forma objetiva e direta.

D) revela que, mesmo com informações negativas, o cliente insiste em consumir.

 

TEXTO PARA AS QUESTÕES 13 E 14

A Bola

O pai deu uma bola de presente ao filho. Lembrando o prazer que sentira ao ganhar a sua primeira bola do pai. Uma número 5 sem tento oficial de couro. Agora não era mais de couro, era de plástico. Mas era uma bola.

O garoto agradeceu, desembrulhou a bola e disse "Legal!". Ou o que os garotos dizem hoje em dia quando gostam do presente ou não querem magoar o velho. Depois começou a girar a bola, à procura de alguma coisa.

- Como é que liga? - perguntou.

- Como, como é que liga? Não se liga.

O garoto procurou dentro do papel de embrulho.

- Não tem manual de instrução?

O pai começou a desanimar e a pensar que os tempos são outros. Que os tempos são decididamente outros.

- Não precisa manual de instrução.

- O que é que ela faz?

- Ela não faz nada. Você é que faz coisas com ela.

- O quê?

- Controla, chuta...

- Ah, então é uma bola.

- Claro que é uma bola.

- Uma bola, bola. Uma bola mesmo.

- Você pensou que fosse o quê?

- Nada, não.

O garoto agradeceu, disse "Legal" de novo, e dali a pouco o pai o encontrou na frente da tevê, com a bola nova do lado, manejando os controles de um videogame. Algo chamado Monster Baú, em que times de monstrinhos disputavam a posse de uma bola em forma de blip eletrônico na tela ao mesmo tempo que tentavam se destruir mutuamente.

O garoto era bom no jogo. Tinha coordenação e raciocínio rápido. Estava ganhando da máquina.

O pai pegou a bola nova e ensaiou algumas embaixadas. Conseguiu equilibrar a bola no peito do pé, como antigamente, e chamou o garoto.

- Filho, olha.

O garoto disse "Legal" mas não desviou os olhos da tela. O pai segurou a bola com as mãos e a cheirou, tentando recapturar mentalmente o cheiro de couro. A bola cheirava a nada. Talvez um manual de instrução fosse uma boa ideia, pensou. Mas em inglês, para a garotada se interessar.

Luís Fernando Veríssimo, Comédias para se ler na escola.

QUESTÃO 13

Ao final do texto, o pai pensa que "um manual de instrução fosse uma boa ideia, mas em inglês". O que esse pensamento revela?

A) Que o pai acredita que o filho entenderia melhor a bola se houvesse explicações escritas.

B) Que o pai entende que os manuais facilitam a adaptação dos jovens aos brinquedos antigos.

C) Que o pai considera que a bola teria chamado mais a atenção do filho se fosse de couro.

D) Que o pai se dá conta de que a relação do filho com os brinquedos mudou com o tempo.

 

QUESTÃO 14

A ideia principal do texto é

A) mostrar de forma crítica a dificuldade dos adultos em acompanhar os avanços tecnológicos na infância.

B) apresentar com humor a superioridade dos jogos eletrônicos em relação às brincadeiras tradicionais.

C) contrastar, com ironia, as mudanças nas formas de brincar entre gerações diferentes.

D) Valorizar a nostalgia do pai como forma de preservar a tradição das brincadeiras de antigamente.


QUESTÃO 15

 

Na tirinha, a fala de Calvin no último quadrinho revela qual traço de sua personalidade?

A) Ele é um menino que valoriza a simplicidade em tudo o que faz.

B) Ele costuma agir de forma coerente com o que pensa.

C) Ele tenta parecer simples, mas tem gostos extravagantes.

D) Ele gosta de impressionar os amigos com suas invenções.

 

TEXTO PARA AS QUESTÕES 16 E 17



.

QUESTÃO 16

O efeito de humor da tirinha é construído principalmente porque

A) Snoopy rejeita o livro com exagero cômico por odiar gatos, desejando que sejam comidos já na primeira página.
B) Snoopy acha que o livro é longo demais e prefere histórias com finais rápidos e previsíveis.
C) Snoopy acredita que livros dados de presente não devem ter gatos como personagens principais.
D) Snoopy se recusa a ler o livro porque não entendeu a história e não gosta de literatura de fantasia.

 

QUESTÃO 17

A partir da leitura da tirinha, é possível inferir que

A) A rejeição ao livro por parte de Snoopy simboliza sua falta de habilidade para compreender histórias com personagens variados.

B) Charlie Brown tenta convencer Snoopy a aceitar livros com temas mais complexos, como os que envolvem gatos.

C) A situação mostra que Snoopy prefere não ler livros porque não gosta de animais que não sejam cães.

D) Snoopy valoriza mais sua antipatia por gatos do que a gentileza de ter recebido um presente de Natal.

 

QUESTÃO 18


LEITE, Willian. Eu queria ser Antônio. WillTirando, 26 jan. 2018. Disponível em: http://www.willtirando.com.br/eu-queria-ser-o-antonio/. Acesso em: 14 mar. 2022.

A partir da análise integrada dos elementos verbais e visuais, pode-se inferir que o principal efeito de crítica presente na tirinha refere-se

A) à distorção da realidade nas postagens feitas por Antônio nas redes sociais.

B) ao desconhecimento dos amigos de Antônio sobre o destino turístico que ele visitou.

C) à solidão vivida por Antônio apesar das belas paisagens registradas nas fotos.

D) ao desejo dos amigos de imitarem uma experiência que parece divertida e acessível.

 

NOTÍCIA E ARGUMENTAÇÃO

QUESTÃO 19

Festival Sesc de Inverno leva mais de 700 horas de música, teatro, dança, literatura, circo, cinema e artes visuais a 25 municípios do Estado do Rio

Fábio Júnior, Marina Sena, Diogo Nogueira e Fernanda Abreu são algumas das atrações musicais gratuitas confirmadas na 23ª edição do evento, entre 11 e 27 de julho

Mais de mil artistas consagrados e novos talentos se apresentarão em 25 cidades do Estado do Rio, de 11 a 27 de julho, na 23ª edição do Festival Sesc de Inverno. Com cerca de 95% de programação gratuita, o evento conta com atrações que envolvem inúmeras linguagens artísticas, como música, teatro, dança, literatura, circo, cinema e artes visuais.

Disponível em: https://extra.globo.com/conteudo-de-marca/sesc-rj/noticia/2025/06/festival-sesc-de-inverno-leva-mais-de-700-horas-de-musica-teatro-danca-literatura-circo-cinema-e-artes-visuais-a-25-municipios-do-estado-do-rio.ghtml

A principal função do título do texto é

A) destacar uma opinião do autor sobre o evento.

B) apresentar uma crítica à programação cultural.

C) informar o conteúdo principal da notícia.

D) convencer o leitor a participar das atividades do festival.

 

TEXTO PARA AS QUESTÕES 20 E 21

Tratar pet como gente: qual o limite e as consequências deste comportamento

Festa de aniversário, roupinha, carrinho de bebê, gravatinha, lacinho, sapatinho, dormir na cama do tutor, ser chamado de filho... Afinal de contas, existe um limite para a humanização dos pets? Uma margem de segurança que garanta o bem-estar dos bichinhos e a satisfação dos humanos? A polêmica é garantida e pode gerar longas discussões.

A publicitária Fernanda Penha Dias, 48 anos, pode dizer muito bem o que é ser julgada pela forma como trata seus pets. Já foi criticada nas redes sociais que mantém em nome deles, mas garante que entre os amigos não há problemas. "São pessoas que agem como eu, não sofro críticas". [...]

A veterinária comportamentalista da Rede Petz, Katia De Martino, afirma que existe um limite importante que respeita o bem-estar dos humanos e do pet. "Claro que o contato com o cão é muito prazeroso para os humanos, libera um hormônio, a ocitocina, que dá uma sensação de prazer e isso é muito bom, porém existe um limite". Katia acredita que a humanização pode provocar a supressão de necessidades naturais dos pets como correr, brincar, farejar e estar em contato com outros animais da mesma espécie: "As pessoas acabam mimando muito e a perda dos hábitos e instintos começa a criar alguns desvios comportamentais como agressividade, ansiedade de separação (o cachorro não fica sozinho), medos e alguns problemas de compulsão".

Disponível em: https://www.uol.com.br/nossa/noticias/redacao/2021/01/26/tratar-pet-como-gente-qual-o-limite-e-as-consequencia-desse-comportamento.htm

QUESTÃO 20

De acordo com o texto, um dos argumentos usados para discutir a forma como os pets são tratados é que

A) o excesso de cuidados com os animais é sempre recomendado por especialistas.
B) tutores que mimam seus pets costumam ser punidos por lei.
C) algumas pessoas são criticadas por tratarem seus animais como filhos.
D) a maioria dos donos prefere não demonstrar afeto pelos animais.

 

QUESTÃO 21

Ao mencionar que "a perda dos hábitos e instintos começa a criar alguns desvios comportamentais", o texto sugere que

A) os problemas de comportamento dos pets surgem naturalmente com o tempo.

B) a falta de contato com humanos é a principal causa de agressividade nos pets.

C) o excesso de cuidados pode impedir que os animais ajam como de costume.

D) os cuidados dos tutores têm pouca influência no comportamento, pois cada animal tem seu instinto.

 

TEXTOS PARA AS QUESTÕES 22 E 23

Texto I

As perdas com cortes orçamentários em fomento à pesquisa científica e tecnológica nos últimos sete anos chegam a R$ 83 bilhões, até 2021. O número foi apresentado em audiência pública da Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio da Câmara dos Deputados, que discutiu a situação do financiamento à ciência e tecnologia no Brasil.

O Observatório do Conhecimento, uma rede formada por associações e sindicatos de professores de universidades que se mobiliza para enfrentar os cortes de investimentos no ensino superior, fez o levantamento. A economista responsável pela pesquisa, Julia Bustamante, lamenta que o País tenha chegado ao patamar de 38% dos recursos disponíveis em 2014. "O mais grave é que, além da redução na previsão orçamentária, a gente tem uma redução ainda maior na execução orçamentária", completou.

CANUTO, Luiz Cláudio. Orçamento da pesquisa científica perdeu mais de R$ 80 bilhões nos últimos sete anos. Agência Câmara de Notícias, Brasília, 2 jun. 2022.

Texto II

Uma artimanha para enfraquecer as instituições públicas de ensino e ciência, reduzindo seu orçamento, é apresentá-las como dissociadas da sociedade, sorvedoras de recursos e descompromissadas com o desenvolvimento social e econômico. Para desmontar essa armadilha, a comunidade acadêmica precisa iluminar as pontes que ligam o conhecimento aos avanços do país. A universidade será mais forte quanto mais parecer robusta, transparente e útil aos olhos da população. [...]

Nossas instituições sofrem com cortes de verba quando mais precisam caminhar em direção à inovação tecnológica e social. O Ipea mostrou que empresas inovadoras pagam melhores salários e geram empregos mais estáveis. São mais produtivas. O investimento em ciência básica é público em qualquer país, mas a inovação é um processo interativo, com transferência de conhecimento ao tecido produtivo.

ROQUE, Tatiana. O progresso da ciência. O Globo, Rio de Janeiro, 17 jun. 2018.

QUESTÃO 22

Tanto o texto I quanto o texto II

A) apontam a perda de credibilidade das universidades públicas como a principal causa da crise na ciência e tecnologia.

B) defendem o investimento estatal em ciência e tecnologia como essencial para o desenvolvimento do país.

C) propõem soluções práticas e imediatas para reverter o quadro de cortes orçamentários nas instituições públicas.

D) criticam o papel da comunidade acadêmica por se manter afastada das necessidades econômicas da sociedade.

 

QUESTÃO 23

Comparando os dois textos, constata-se que

A) ambos evitam emitir opiniões, principalmente por se tratar de ciência.

B) o texto I apresenta informações e o texto II desenvolve argumentos.

C) apenas o texto II adota um tom neutro ao abordar o tema.

D) o texto I critica os cortes de forma mais direta que o texto II.

 

QUESTÃO 24

Ônibus do Hemocentro estará nesta quinta-feira no Pantanal Shopping
Hemocentro passa por uma crise e precisa repor urgentemente seu estoque de sangue

Nesta quinta-feira (25), das 10h às 16h, o ônibus do MT – Hemocentro estará no estacionamento do Pantanal Shopping realizando coleta de sangue total. O objetivo da ação é promover a manutenção dos estoques de bolsa de sangue do estado.

Disponível em: https://www.agenciadanoticia.com.br/mato-grosso/noticia/9278/onibus-do-hemocentro-estara-no-pantanal-shopping-nesta-quinta-feira

O trecho "Hemocentro passa por uma crise e precisa repor urgentemente seu estoque de sangue" tem a função de

A) contextualizar a atuação do Hemocentro ao longo do ano.

B) alertar sobre o encerramento temporário das coletas no Hemocentro local.

C) explicar a logística do atendimento móvel que será realizado no shopping.

D) destacar o motivo que justifica a realização da ação noticiada.

 

QUESTÃO 25

Mudanças climáticas no Brasil podem tornar café e laranja produtos de luxo

Geadas e secas prolongadas fizeram preços de exportação dos produtos disparar nos últimos meses

Ana Carolina Peliz

O café da manhã de muitos brasileiros e da maioria dos europeus, com o tradicional cafezinho e o suco de laranja, poderia virar uma refeição de luxo. Os preços de dois dos principais produtos de exportação do Brasil, quase símbolos nacionais, o café e a laranja, dispararam nos últimos meses devido a eventos climáticos como geadas ou secas prolongadas que afetaram as lavouras [...].

Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2022/03/mudancas-climaticas-no-brasil-podemtornar-cafe-e-laranja-produtos-de-luxo.shtml

Com base no trecho, pode-se concluir que

A) o consumo de café e laranja no Brasil está diminuindo por causa de novos hábitos alimentares.

B) a valorização do café e da laranja no mercado é resultado de investimentos em exportação.

C) as mudanças no clima estão impactando a produção agrícola e afetando os preços dos alimentos.

D) a população brasileira está deixando de tomar café da manhã por causa da inflação.

 

TEXTO PARA AS QUESTÕES 26 E 27

Aranhaverso é, de longe, o melhor filme do Homem-Aranha nos cinemas

Vez por outra o cinema entrega um filme pop perfeito. Guerra nas Estrelas. De Volta Para o Futuro. Jurassic Park. Filmes que se tornaram fenômenos culturais, combinando conceitos sofisticados e fantásticos com personagens que, mesmo em uma galáxia muito distante, viajando no tempo ou enfrentando as consequências da ciência sem amarras, não perdem a conexão com o que os faz tão humanos. Do lado de cá, a identificação é imediata, amplificada por tramas que misturam ação e humor, deslumbre e emoção genuína. Homem-Aranha no Aranhaverso é um filme pop perfeito.

[...]

SADOVSKI, Roberto. Aranhaverso é, de longe, o melhor filme do Homem-Aranha nos cinemas. UOL. [S. l.], 10 jan. 2019. Disponível em: https://robertosadovski.blogosfera.uol.com.br/2019/01/10/aranhaverso-e-de-longe-o-melhor-filme-dohomem-aranha-nos-cinemas/?cmpid=copiaecola. Acesso em: 26 abr. 2022.

QUESTÃO 26

A expressão "de longe" utilizada no texto ajuda a dar qual intenção ao título?

A) comparação.
B) excesso.
C) intensidade.
D) ironia.

 

QUESTÃO 27

No texto, o autor utiliza recursos persuasivos para

A) apresentar fatos históricos sobre filmes populares.

B) convencer o leitor de que o filme analisado é um marco no cinema pop.

C) descrever os estilos visuais usados nos filmes de super-heróis.

D) prever o sucesso futuro de outros filmes do mesmo gênero.

 

QUESTÃO 28

A convivência com a internet

A vida de nossas crianças e de nossos adolescentes não está simples, tampouco fácil. São tantas as tentações às quais eles estão submetidos, que fica difícil resistir. E está difícil principalmente porque a formação crítica que eles precisariam ter a respeito da vida tem sido escassa. Família e escola pouco têm investido nisso, talvez porque subestimem a capacidade de reflexão dos mais novos.

Vamos considerar a convivência deles com os recursos que a internet disponibiliza. Um passeio por blogs, portais com artigos opinativos e/ou analíticos, reportagens, etc., logo mostra, nos comentários, a violência e a agressividade com que as pessoas se manifestam, sejam elas jovens, sejam elas adultas. Penso que a internet consegue arrancar o que há de pior em muitas pessoas. [...]

Disponível em:

http://www1.folha.uol.com.br/colunas/roselysayao/2014/08/1502466-a-convivencia-com-a-internet.shtml.

 

No trecho, é possível perceber a parcialidade do texto principalmente por meio de

A) opinião negativa expressa por meio de relato pessoal e julgamento de valor.

B) exemplos estatísticos que mostram a frequência da agressividade em redes sociais.

C) explicações imparciais sobre as causas do comportamento violento dos usuários.

D) comparações equilibradas entre diferentes pontos de vista sobre o tema da internet.

 

 

QUESTÃO 29

Nos quadrinhos dos Guardiões da Galáxia, o Groot é um membro da flora colossus do Planeta X, entes quase extintos, capazes de crescer, se regenerar, modificar o corpo e ainda dançar. Se regenerar bastante seria um trabalho fácil pro Groot, já que as plantas preservam muito mais células-tronco ao longo da vida, capazes de formar qualquer tipo de tecido, em partes que chamamos de meristemas, como no caule e nas pontas dos ramos. Por isso plantas conseguem se regenerar tão bem e muitas podem ser propagadas por um pedaço de raiz ou um tronco, capaz de formar uma planta inteira. Aliás, ao invés de um Groot no vaso, deviam é tá crescendo um exército inteiro de Groots. E ele precisaria beber bastante água se quiser crescer à vontade, porque mesmo usando o gás carbônico pra crescer, as plantas precisam do hidrogênio da água. [...]

Também sabemos que o Groot seria capaz de ouvir os outros. Dependendo de quem estiver comendo as folhas, as plantas conseguem sentir a vibração da mastigação, ou seja, elas conseguem ouvir e diferenciar qual é a lagarta folgada comendo as suas folhas.

 

Transcrição do vídeo disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=LvSw0mD2CPI

No trecho "as plantas conseguem sentir a vibração da mastigação, ou seja, elas conseguem ouvir e diferenciar qual é a lagarta folgada comendo as suas folhas", a expressão "ou seja" contribui para a progressão textual ao

A) introduzir uma ideia oposta à anterior.

B) apresentar a causa que justifica o comportamento das plantas.

C) indicar que a ação acontece em sequência à anterior.

D) reformular a informação anterior, tornando-a mais clara e acessível.

 

QUESTÃO 30

Considerando a progressão textual, a continuidade das ideias ao longo do texto é garantida principalmente pelo uso de

A) sequência organizada de exemplos científicos que sustentam a explicação central.

B) agrupamento de blocos informativos sem relação clara entre os elementos.

C) comparações entre elementos da ficção e conceitos da botânica científica.

D) uso contínuo de linguagem técnica com foco na descrição objetiva dos fatos.

 

CONTO

TEXTO PARA AS QUESTÕES 31 E 32

O passado e o futuro

Dois homens caminhavam por uma estrada quando encontraram um vendedor de vinho de palma. Os viajantes pediram-lhe vinho e o homem prometeu satisfazê-los, mas com uma condição:

— Terão de me dizer vossos nomes.

Um deles falou:

— Chamo-me De onde venho.

E o outro:

— Para onde vou.

O homem aplaudiu o primeiro nome e reprovou o segundo, negando a Para onde vou o vinho de palma.

Começou uma discussão, e dali saíram à procura do juiz. Este ditou logo a sentença:

— O vendedor de vinho de palma perdeu. Para onde vou é que tem razão, porque de onde venho já nada se pode obter e, pelo contrário, o que se puder encontrar está para onde vou.

O PASSADO e o futuro. MOUTINHO, José Viale (org.). Contos populares de Angola: Folclore Quimbundo. São Paulo: Landy, 2000.

QUESTÃO 31

Com base na leitura do texto, qual elemento da narrativa contribui para o desfecho com ensinamento reflexivo?

A) O juiz, que representa a sabedoria diante de um conflito cotidiano.

B) O vinho de palma, que ilustra a desigualdade nas trocas comerciais.

C) O nome dos viajantes, que permite associar o enredo a uma ideia abstrata.

D) O vendedor, que tenta enganar os personagens e é desmascarado no final.

 

QUESTÃO 32

De acordo com o texto, pode-se concluir que

A) o passado é mais valorizado pelas pessoas do que o futuro.

B) o presente é o único momento em que podemos fazer escolhas.

C) o futuro deve ser mais considerado porque ainda pode oferecer possibilidades.

D) o vinho simboliza o conhecimento que deve ser dividido entre todos.

 

QUESTÃO 33

Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria. Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança da alegria: eu não vivia, eu nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam. [...]

LISPECTOR, Clarice. Felicidade clandestina. 5. ed. Rio de Janeiro: Rocco, 1971.

No trecho, algumas palavras substituem termos mencionados anteriormente, evitando repetições. Esse recurso coesivo, chamado coesão referencial, está presente em A) "dia seguinte", que antecipa a ação de emprestar e evita a repetição da expressão "minha posse".

B) "minhas posses", que se refere aos recursos financeiros do narrador. C) "o", que substitui o substantivo "livro" na fala "ela o emprestaria".

D) "me", que substitui o narrador ao indicar quem realizou a ação de se transformar.

 

TEXTO PARA AS QUESTÕES 34 E 35

As paredes estavam cobertas por tapeçarias e ornadas com troféus de armas; ademais, havia um número incomum de pinturas modernas muito agradáveis com molduras de arabescos dourados. Essas pinturas, que pendiam não apenas das paredes amplas, mas também dos inúmeros recônditos que a arquitetura bizarra do palácio fazia necessários – essas pinturas, talvez em virtude de um delírio incipiente, despertaram-me um profundo interesse, de modo que solicitei a Pedro que fechasse as pesadas cortinas daquele cômodo – uma vez que já era noite –, que acendesse os pavios de um candelabro alto que estava junto à cabeceira da minha cama e que abrisse, tanto quanto possível, as cortinas franjadas de veludo negro que envolviam a cama. Fiz esse pedido para que eu pudesse me entregar se não ao sono, pelo menos à contemplação daqueles quadros e à leitura de um pequeno tomo encontrado sobre o travesseiro, que se propunha a fazer críticas a eles e a descrevê-los. Por muito – muito tempo eu li – e concentrado, absorto, eu contemplava. As horas passaram céleres e agradáveis até que a meia-noite escura se instaurou. A posição do candelabro aborrecia-me e, preferindo fazer um esforço a importunar meu criado, que dormia, estiquei o braço e ajustei-o de modo a obter mais luz sobre o livro.

Mas esse ato teve consequências de todo inesperadas. Os raios de inúmeras velas (pois havia muitas) iluminaram um nicho do quarto que até então permanecera envolto na densa sombra de uma das colunas da cama. E assim vi, iluminado, um quadro que até então me passara despercebido. Era o retrato de uma menina em que despontavam os primeiros sinais da mulher. [...]

POE, Edgar Allan. O gato preto e outros contos. Organização e tradução de Guilherme da Silva Braga. São Paulo: Hedra, 2008. p. 65-69.

QUESTÃO 34

De acordo com o texto, o narrador

A) percebia que as pinturas retratavam cenas de sua vida pessoal.

B) demonstrava estar incomodado com a presença do criado no quarto.

C) mostrava-se absorvido pelas imagens, ao ponto de preferir a contemplação ao sono.

D) desejava presentear o criado com uma pintura.

 

QUESTÃO 35

No trecho acima, a expressão em destaque contribui para mostrar que

A) as pinturas estavam espalhadas por todo o palácio, o que reforça a grandiosidade do espaço retratado.

B) as pinturas não ficavam somente nas paredes principais, sendo usadas até para esconder imperfeições da construção.

C) o local era tão incomum que as pinturas eram usadas de maneira exagerada, o que causava certa estranheza.

D) o uso das pinturas servia apenas para destacar a excentricidade da arquitetura do palácio, sem outra função estética.

 

 

LINGUÍSTICA E SEMIÓTICA

QUESTÃO 36

Assombração

Aquele moço estava esperando a condução no ponto da frente do cemitério da Consolação, na capital.

Era uma sexta-feira e faltavam cinco minutos para a meia-noite.

De repente encosta um outro moço.

O ônibus não chegava, deu meia-noite, e este moço olha pro relógio, pros lados, coisa e tal... E o primeiro moço resolve então puxar conversa:

- O amigo por acaso tem medo de alma de outro mundo, assombração, essas coisas?

O moço, com desdém:

- Eu não, rapaz. Ocê acha que vou ter medo dessas bobagens de gente morta?

E o outro responde:

- Gozado, eu também quando era vivo num tinha medo, não!

Rolando Boldrin

O desfecho do texto provoca surpresa no leitor porque

 

A) revela que os dois personagens já se conheciam de outras ocasiões.

B) indica que o segundo personagem está tentando assustar o primeiro com uma história inventada.

C) mostra que o personagem que fez a pergunta era, na verdade, um espírito.

D) confirma que os dois personagens estavam apenas brincando com a ideia de assombração.

 

QUESTÃO 37

Dois ladrões

Dois ladrões de animais furtaram certa vez um burro, e como não pudessem reparti-lo em dois pedaços surgiu a briga.

– O burro é meu! – alegava um – o burro é meu porque eu o vi primeiro…

– Sim – argumentava o outro – você o viu primeiro; mas quem primeiro o segurou fui eu. Logo, é meu…

Não havendo acordo possível, engalfinharam-se, rolaram na poeira aos socos e dentadas.

Enquanto isso um terceiro ladrão surge, monta no burro e foge a galope.

Finda a luta, quando os ladrões se ergueram, moídos da sova, rasgados, esfolados…

– Que é do burro? Nem sombra! Riam-se – risadinha amarela – e um deles, que sabia latim, disse:

– Inter duos litigantes tertius gaudet.

Que quer dizer: quando dois brigam, lucra um terceiro mais esperto.

Monteiro Lobato

A partir da leitura do texto, é possível entender que o terceiro ladrão conseguiu fugir com o burro porque

A) percebeu que o burro era valioso e os outros não sabiam como usá-lo.

B) se aproveitou do momento em que os outros estavam distraídos brigando.

C) era mais forte que os outros dois e conseguiu expulsá-los facilmente.

D) chegou antes dos outros e apenas esperava o momento certo para agir.

 

TEXTO PARA AS QUESTÕES 38 E 39

O caldo de pedra

Um frade andava ao peditório; chegou à porta de um lavrador, mas não lhe quiseram aí dar nada. O frade estava a cair com fome, e disse:

– Vou ver se faço um caldinho de pedra. E pegou numa pedra do chão, sacudiu-lhe a terra e pôs-se a olhar para ela para ver se era boa para fazer um caldo. A gente da casa pôs-se a rir do frade e daquela lembrança. Diz o frade:

– Então nunca comeram caldo de pedra? Só lhes digo que é uma coisa muito boa. Responderam-lhe:

– Sempre queremos ver isso.

Foi o que o frade quis ouvir. Depois de ter lavado a pedra, disse:

– Se me emprestassem aí um pucarinho.

Deram-lhe uma panela de barro. Ele encheu-a de água e deitou-lhe a pedra dentro.

– Agora se me deixassem estar a panelinha aí ao pé das brasas.

Deixaram. Assim que a panela começou a chiar, disse ele:

– Com um bocadinho de unto é que o caldo ficava de primor.

Foram-lhe buscar um pedaço de unto. Ferveu, ferveu, e a gente da casa pasmada para o que via. Diz o frade, provando o caldo:

– Está um bocadinho insosso; bem precisa de uma pedrinha de sal.

Também lhe deram o sal. Temperou, provou, e disse:

– Agora é que com uns olhinhos de couve ficava que os anjos o comeriam.

A dona da casa foi à horta e trouxe-lhe duas couves tenras. O frade limpou-as, e ripou-as com os dedos deitando as folhas na panela.

Quando os olhos já estavam aferventados disse o frade:

– Ai, um naquinho de chouriço é que lhe dava uma graça...

Trouxeram-lhe um pedaço de chouriço; ele botou-o à panela, e enquanto se cozia, tirou do alforge pão, e arranjou-se para comer com vagar. O caldo cheirava que era um regalo. Comeu e lambeu o beiço; depois de despejada a panela ficou a pedra no fundo; a gente da casa, que estava com os olhos nele, perguntou-lhe:

– Ó senhor frade, então a pedra?

Respondeu o frade:

– A pedra lavo-a e levo-a comigo para outra vez. E assim comeu onde não lhe queriam dar nada.

Teófilo Braga, Contos Tradicionais do Povo Português, 1883.

QUESTÃO 38

 

No trecho, as expressões "Se me emprestassem" e "se me deixassem" servem para

A) apresentar pedidos educados, o que ajuda o frade a conseguir o que deseja.

B) indicar que o frade está inseguro diante do resultado do caldo.

C) sugerir que o frade está fazendo exigências difíceis de atender.

D) mostrar que o frade está pedindo com autoritarismo, impondo sua vontade.

 

QUESTÃO 39

No trecho "Ele encheu‑a de água e deitou‑lhe a pedra dentro.", os termos destacados fazem

A) referência à panela, evitando a repetição do nome.

B) introdução de novos elementos no texto, como "bocadinho de unto".

C) indicação da origem da água usada no caldo.

D) referência ao "caldinho de pedra".

 

QUESTÃO 40

A Caipora e as Meninas

Aqui em cima. Quando a senhora vem da rua, não vê umas casa aqui pra cima? Ali chamava As Três Moradas. Era um mato ali que a gente entrava e não sabia sair. De candeia, aquelas lenha boa de candeia. Aí a minha mãe ia pra lá. Até dia de domingo minha mãe saia com a gente pra caçar lenha. Aí ela tirava aquele bocado de lenha e ajuntando e a gente ia carregando pra casa. Vinha eu e uma prima minha. Ela mora até em Ouriçangas hoje, era menina. Aí ela vinha mais eu, carregando a lenha pra casa. Aí, quando foi um dia, que a gente saiu, pelejou pra sair pra chegar de junto da mãe da gente, mas não acertou. Aí começou ela:

– Altamira, Altamira! Altamira, Altamira!

Me chamando, e a outra Nenzinha. E vó:

– Cadê Nenzinha? Cadê Nenzinha? Ô Nenzinha, ô Nenzinha! [...]

Contos e causos da Bahia

Considerando o trecho como parte de um conto popular, a forma de narrar adotada no texto contribui para

A) representar com fidelidade a oralidade de uma comunidade, tornando o relato mais expressivo.

B) reforçar a importância do uso da norma-padrão como critério de correção gramatical em textos narrativos.

C) simular uma fala regional de forma exagerada e estereotipada, o que prejudica a clareza do texto.

D) ilustrar as dificuldades linguísticas da personagem ao contar sua própria história.

QUESTÃO 41

Tapa – buracos

Dois funcionários do departamento de urbanismo trabalhavam em um daqueles bairros movimentados da cidade. Um escavava um buraco e o outro vinha atrás e o tapava. Eles fizeram a mesma coisa em dezenas de ruas. Um pedestre que observava aquilo pergunta ao homem que cavava:

- Eu estou impressionado com o esforço de vocês, mas não entendo isso. Por que é que o senhor escavou este buraco e, mal acabou, ele veio atrás e voltou a encher.

O cavador, limpando a testa, suspira:

 - É que hoje aquele que planta as árvores faltou.

 (Adaptado do Almanaque de Cultura Popular)

No trecho, a expressão destacada estabelece relação de

A) causa para a situação descrita anteriormente.

B) oposição entre as ações dos funcionários.

C) explicação para o trabalho dos três juntos.

D) comparação entre os buracos feitos e tampados.

 

QUESTÃO 42

O Brasil produz a maior parte de suas vacinas, economiza importações e erradica doenças. No auge da Zika, encontramos uma resposta rápida para a relação com a microcefalia. Ficamos fortes na indústria de medicamentos e na inovação em petróleo e gás. Tudo surgiu de arranjos entre empresas, universidades, institutos de pesquisa e órgãos do governo.

Nossas instituições sofrem com cortes de verba quando mais precisam caminhar em direção à inovação tecnológica e social. O Ipea mostrou que empresas inovadoras pagam melhores salários e geram empregos mais estáveis. São mais produtivas. O investimento em ciência básica é público em qualquer país, mas a inovação é um processo interativo, com transferência de conhecimento ao tecido produtivo. [...]

ROQUE, Tatiana. O progresso da ciência. O Globo, Rio de Janeiro, 17 jun. 2018.

No texto, a argumentação é reforçada principalmente pelo uso de

 

A) descrições subjetivas sobre os desafios enfrentados pelos pesquisadores.

B) exemplos e dados que comprovam a importância do investimento em ciência e inovação.

C) perguntas retóricas que indicam dúvida em relação ao papel das universidades.

D) metáforas e comparações que destacam o papel do governo no setor industrial.

 

QUESTÃO 43


Na tirinha, o termo lhe se refere

 

a) ao próprio personagem que está falando, o viking de capacete azul.
b) à ideia de orgulho e sucesso expressada ao longo da tirinha.
c) ao outro personagem, que aparece pedindo um aumento no primeiro quadrinho.
d) ao aumento solicitado no primeiro quadrinho da tirinha.

 

TEXTO PARA AS QUESTÕES 44 E 45

Costumo acreditar que as animações são o jeito mais imediato de dialogar não apenas com crianças, como também com adultos, principalmente na forma como elas parecem entender como acessar nossas vulnerabilidades. Em 2015, Divertida Mente transformou esse aspecto psicologizante dos filmes da Pixar em uma premissa de fato, apresentando de forma lúdica como emoções se comunicam entre si nos nossos anos de formação, e ajudam a nos tornar o que somos, mas é com Divertida Mente 2 que o estúdio parece lidar mais de frente com as questões do amadurecimento. [...]

Apesar de repetir em grande parte a fórmula do primeiro filme, e para além desse elenco mais complexo de afetos cartunescos, Divertida Mente 2 assume que está amadurecendo, assim como Riley. Adicionar uma personagem como a Ansiedade – o destaque do filme, numa época em que animações para adolescentes, como os filmes de Aranhaverso ou o Red da própria Pixar, entendem os ataques de pânico como uma constante nas jornadas de formação – almeja retratar de forma fiel como os transtornos mentais começam a se manifestar. Ansiedade se mostra fofa e engraçada no início do filme, mas com o tempo começa a comandar a vida da garota, transformando-se em uma ameaça que se presta a antagonista no arco de conflitos de Riley.

Disponível em: https://www.omelete.com.br/filmes/criticas/divertida-mente-2-pixar

QUESTÃO 44

No texto, a argumentação do autor é fortalecida principalmente pelo uso de

A) comparações com outros filmes para mostrar que todos são parecidos.

B) falas engraçadas dos personagens que deixam o texto mais leve.

C) opinião pessoal com exemplos que ajudam a defender o ponto de vista.

D) explicações sobre como a Pixar cria seus personagens e histórias.

 

QUESTÃO 45

Qual dos trechos abaixo contribui mais para reforçar a ideia defendida pelo autor?

A) "Apesar de repetir em grande parte a fórmula do primeiro filme..."

B) "Costumo acreditar que as animações são o jeito mais imediato de dialogar [...] com adultos"

C) "Adicionar uma personagem como a Ansiedade [...] almeja retratar de forma fiel como os transtornos mentais começam a se manifestar."

D) "Ansiedade se mostra fofa e engraçada no início do filme, mas com o tempo começa a comandar a vida da garota [...]"

 

 

 

TESE

TEXTOS PARA AS QUESTÕES 46 E 47
Texto I

Em nota técnica divulgada nesta quarta-feira, 16, o Observatório Covid-19 Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) alerta que a disseminação de notícias falsas sobre a eficácia e segurança da imunização para a faixa etária entre 5 e 11 anos atrasam a vacinação infantil e, consequentemente, o retorno das atividades escolares. Com um panorama atual da vacinação desse público contra a doença, o documento reforça a necessidade de articulação de todas as esferas de gestão para a expansão da cobertura vacinal no país, especialmente entre as crianças, que por serem o grupo que ainda não está imunizado, se torna vulnerável à infecção e à disseminação do vírus, inclusive entre outros grupos etários.

Disponível em: https://veja.abril.com.br/saude/fiocruz-dizque-

fake-news-atrasam-a-vacinacao-infantil-no-brasil/

Texto II

Mais recentemente, a notícia de que vacinas contra o novo corovavírus estão sendo testadas no Brasil também foram vítimas de fake news. Sobre a vacina, circularam nas redes sociais algumas mentiras, uma delas denunciava que as vacinas em desenvolvimento "usam células de fetos abortados. Segundo especialistas", outra falsa informação afirmava que Bill Gates, fundador da Microsoft, usaria a vacina contra o novo coronavírus para implantar microchips e manipular o mundo. As duas informações são tão absurdas que não mereceriam nem mesmo uma checagem, mas, infelizmente, foram compartilhadas por pessoas com muitos seguidores.

Disponível em: https://www.al.sp.gov.br/noticia/?id=411073

QUESTÃO 46

Considerando os dois textos, qual afirmação expressa corretamente a relação temática entre eles?

 

A) tratam de públicos diferentes e, por isso, não abordam o mesmo tipo de desinformação.

B) reproduzem informações falsas com o objetivo de gerar dúvida no leitor.

C) abordam a disseminação de notícias falsas relacionadas à vacinação contra a Covid-19.

D) explicam detalhadamente o processo de produção das vacinas no contexto nacional.

 

QUESTÃO 47

Com base nas informações presentes nos dois textos, o leitor pode inferir que

 

A) o combate às fake news tem pouca influência sobre a vacinação infantil.

B) as notícias falsas podem prejudicar a adesão à vacinação.

C) a eficácia das vacinas ainda precisa ser comprovada.

D) o acesso à vacina é o único desafio enfrentado pela população.

 

TEXTO PARA AS QUESTÕES 48, 49 E 50

Abominável mundo novo

A cena me deixou terrificado. Há poucos dias, visitei uma escola paulistana de ensino fundamental, em um bairro de classe média da cidade. Cheguei à hora do intervalo e deparei-me com um quadro que parecia retirado de algum episódio de Black mirror, a série televisiva que explora os aspectos mais sinistros do impacto da tecnologia sobre o mundo contemporâneo.

Espalhados pelo pátio, recostados nas paredes, sentados ao chão, divididos em pequenos grupos, praticamente todos os alunos mantinham os olhos presos às telinhas dos respectivos celulares. Eram dezenas de crianças e pré-adolescentes. De ombros arqueados, quase nenhum olhava diretamente para o outro. Boa parte deles utilizava fones de ouvidos. Muitos movimentavam os polegares freneticamente, digitando algo nos minúsculos teclados virtuais, enquanto caminhavam às cegas, sem olhar para a frente. Outros, imóveis, nucas curvadas, retinas fixas nos aparelhinhos, mantinham o semblante vazio, uma expressão de ausência e torpor.

Estavam fisicamente juntos, mas separados por uma barreira invisível. Naquelas mentes e corpos em formação, a criatividade, a energia e o fulgor tão típicos à idade pareciam tragados pela entropia de um assustador buraco negro. A imagem me provocou tamanho abalo que, nos dias posteriores, arrisquei-me a investigar um pouco mais o fenômeno. [...]

Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/lira neto/2017/10/1927062-abominavel-mundo-novo.shtml.

QUESTÃO 48

Com base no trecho, qual julgamento o autor expressa sobre o comportamento dos alunos durante o intervalo escolar?

A) Demonstra preocupação com o uso excessivo da tecnologia pelas crianças.

B) Registra aceitação diante da rotina com aparelhos digitais no recreio.

C) Valoriza a habilidade dos alunos em lidar com os celulares modernos.

D) Observa com surpresa o interesse por conteúdos virtuais nas escolas.

 

QUESTÃO 49

Com base na descrição apresentada, é possível inferir que o autor considera que

 

A) os alunos estão em um ambiente seguro e equilibrado para o desenvolvimento.

B) os alunos mantêm interações constantes, mesmo que em silêncio.

C) os alunos enfrentam um tipo de isolamento provocado pelo uso da tecnologia.

D) os alunos usam os celulares para estimular a criatividade e o convívio.

 

QUESTÃO 50

A referência à série Black Mirror, logo no início do texto, funciona como um recurso para

 

A) elogiar a originalidade dos estudantes no uso dos recursos tecnológicos.

B) reforçar a crítica ao uso excessivo de tecnologia como algo preocupante.

C) demonstrar como a escola tem acompanhado as novas tendências digitais.

D) ilustrar os benefícios do uso da tecnologia no ambiente escolar.

 

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