Leia o texto I para responder às questões 1, 2, 3 e 4.
TEXTO I
ADULTIZAÇÃO INFANTIL: "PROBLEMA NÃO É FALTA DE LEI, MAS DE REGULAÇÃO DAS PLATAFORMAS", DIZ ESPECIALISTA
Caso o "ECA Digital" seja aprovado, todas as plataformas serão obrigadas a adotar medidas para impedir que menores acessem e criem conteúdos inapropriados
A repercussão do vídeo do youtuber Felca, Felipe Bressanim Pereira, que denunciou a exposição de crianças e adolescentes em situações inapropriadas nas redes sociais, trouxe novamente ao centro do debate político a chamada "adultização infantil" nas redes sociais.
Pressionados pela mobilização online, a Câmara dos Deputados aprovou na última quarta-feira (20) o Projeto de Lei 2628/2, que estabelece regras para a proteção de menores em aplicativos, jogos e plataformas.
Para o professor Joscimar Souza Silva, do Instituto de Ciências Políticas da Universidade de Brasília (UnB), o debate revela mais sobre a forma como o Congresso lida com a opinião pública do que para atualizar a legislação existente.
https://jornaldebrasilia.com.br/noticias/brasil/adultizacao-infantil-problema-nao-e-falta-de-lei-mas-de-regulacao-das-plataformas-diz-especialista - acesso em 24/08/2025
Questão 1 – (D15 – Estabelecer relações lógico-discursivas presentes no texto, marcadas por conjunções, advérbios etc.)
No trecho "Para o professor Joscimar Souza Silva, do Instituto de Ciências Políticas da Universidade de Brasília (UnB), o debate revela mais sobre a forma como o Congresso lida com a opinião pública do que para atualizar a legislação existente", observa-se o uso de um:
A) Argumento de exemplificação, pois apresenta um caso concreto para ilustrar uma ideia.
B) Argumento de comparação, ao estabelecer relação entre situações distintas.
C) Argumento de autoridade, pois a opinião é sustentada pela fala de um especialista.
D) Argumento histórico, ao recuperar acontecimentos passados para justificar a ideia.
Questão 2 – (D15 – Estabelecer relações lógico-discursivas presentes no texto, marcadas por conjunções, advérbios etc.)
No trecho "A repercussão do vídeo do youtuber Felca, Felipe Bressanim Pereira, que denunciou a exposição de crianças e adolescentes em situações inapropriadas nas redes sociais, trouxe novamente ao centro do debate político a chamada 'adultização infantil' nas redes sociais", observa-se o uso de um:
A) Argumento de exemplificação, pois apresenta um caso concreto (vídeo do youtuber) para sustentar a discussão.
B) Argumento de comparação, ao colocar lado a lado diferentes situações sociais.
C) Argumento de autoridade, já que a opinião é fundamentada em especialista renomado.
D) Argumento histórico, por remeter a acontecimentos passados que fundamentam a ideia.
Questão 3 – (D6 – Identificar o tema de um texto.)
O tema principal do texto "Adultização infantil: 'problema não é falta de lei, mas de regulação das plataformas', diz especialista" é:
A) A mobilização de influenciadores digitais em defesa da liberdade de expressão.
B) A aprovação de um projeto de lei sobre segurança de aplicativos financeiros.
C) A discussão sobre a exposição de crianças em ambientes digitais e a necessidade de regulação das plataformas.
D) A criação de novos canais de entretenimento voltados para adolescentes.
Questão 4 – (D14 – Distinguir um fato da opinião relativa a esse fato.)
Assinale a alternativa que apresenta uma opinião do texto:
A) "A Câmara dos Deputados aprovou na última quarta-feira (20) o Projeto de Lei 2628/2, que estabelece regras para a proteção de menores em aplicativos, jogos e plataformas."
B) "A repercussão do vídeo do youtuber Felca trouxe novamente ao centro do debate político a chamada 'adultização infantil' nas redes sociais."
C) "Para o professor Joscimar Souza Silva, o debate revela mais sobre a forma como o Congresso lida com a opinião pública do que para atualizar a legislação existente."
D) "O Projeto de Lei 2628/2 estabelece que todas as plataformas sejam obrigadas a adotar medidas para impedir que menores acessem conteúdos inapropriados."
Leia o texto II para responder às questões 5, 6, 7 e 8.
TEXTO II
Inteligência Artificial na Educação: conheça os efeitos dessa tecnologia no ensino e na aprendizagem
Saiba como a IA impacta no aprendizado e na gestão e entenda os riscos para privacidade e reprodução de desigualdades
A Inteligência Artificial (IA) vem impactando as relações sociais e diversos processos organizacionais. Na educação, novas soluções para ensino e aprendizagem estão sendo usadas em diversos contextos de modo a apoiar as atividades dos professores. Instituições de ensino e governos também estão usando a IA em sistemas de gestão escolar e análise de dados. São tecnologias diferentes trabalhando juntas para permitir que as máquinas percebam, compreendam, ajam e aprendam com níveis de inteligência semelhantes aos humanos.
Atualmente, entretanto, a maioria das tecnologias educacionais baseadas em IA são usadas no setor privado. Para quem trabalha no setor público, em países em desenvolvimento, como o Brasil, surgem algumas questões sobre as possibilidades dessa tecnologia, suas aplicações práticas, como se preparar para seu uso e como mitigar possíveis riscos para a segurança e a reprodução de desigualdades.
Este especial - que integra o projeto Ciência de Dados na Educação do Instituto Unibanco em parceria com o CRIE (Centro de Referência em Inteligência Empresarial, da COPPE/UFRJ) - tem como tema central Inteligência Artificial e Educação. Para uma experiência ainda mais profunda sobre o tema, compartilhamos uma série de links para materiais do Observatório de Educação - Ensino Médio e Gestão Abre em uma nova guia ao longo do conteúdo. Utilize-os para uma experiência ainda mais rica e completa sobre o uso de Inteligência Artificial na educação e conheça inúmeras oportunidades para serem exploradas.
A Inteligência Artificial (IA) deixou de ser uma realidade distante ou restrita à ficção científica e está cada vez mais presente em nossas vidas – inclusive na educação. A temática não é nova, já nos anos 1930 o pai da computação e matemático Alan Turing formalizava o termo algoritmo em artigo sobre a máquina de Turing. O algoritmo é o ingrediente fundamental para a Inteligência Artificial, termo cunhado pelos pesquisadores John McCarthy, Marvin Minsky e Claude Shannon em uma conferência em 1956.
É difícil ter uma definição única para IA, pelo fato de ser um campo multidisciplinar e em constantes atualizações. Confira abaixo um vídeo no qual o jornalista Marcelo Tas explica o que é IA, que integra o Glossário de Inteligência Artificial da I2AI (International Association of Artificial Intelligence), associação sem fins lucrativos que conecta pessoas, negócios, conhecimento e tecnologia para acelerar a adoção sustentável da Inteligência Artificial no mundo.
(...)
Questão 5 – (D3 – Inferir o sentido de uma palavra ou expressão.)
No trecho "O algoritmo é o ingrediente fundamental para a Inteligência Artificial", o termo algoritmo significa:
A) Um conjunto de instruções ou regras lógicas que orientam a execução de tarefas.
B) Um recurso gráfico usado para explicar conceitos matemáticos.
C) Um programa de televisão sobre tecnologia.
D) Uma ferramenta de entretenimento criada na ficção científica.
Questão 6 – (D4 – Inferir uma informação implícita em um texto.)
O texto afirma que "a maioria das tecnologias educacionais baseadas em IA são usadas no setor privado". Dessa informação, é possível inferir que:
A) O setor público enfrenta mais desafios quanto ao acesso e à aplicação dessas tecnologias.
B) A Inteligência Artificial não pode ser utilizada em escolas públicas.
C) Apenas países desenvolvidos conseguem aplicar a IA na educação.
D) O setor privado utiliza IA apenas em jogos digitais.
Questão 7 - (D20 – Reconhecer diferentes formas de tratar uma informação na comparação de textos que tratam do mesmo tema em função das condições em que ele foi produzido e daquelas em que será recebido.)
Ao comparar o texto II "Inteligência Artificial na Educação: conheça os efeitos dessa tecnologia no ensino e na aprendizagem" com a charge apresentada no texto III, é correto afirmar que:
Texto III
A) Ambos os textos apresentam apenas dados técnicos sobre a Inteligência Artificial.
B) O texto busca informar e explicar o impacto da IA na educação, enquanto a charge critica de forma bem-humorada o uso dessa tecnologia.
C) Tanto o texto quanto a charge têm como finalidade convencer o leitor a comprar softwares de Inteligência Artificial.
D) A charge repete as mesmas informações do texto, sem acrescentar opinião ou crítica.
Questão 8 – (D12 – Identificar a finalidade de textos de diferentes gêneros.)
A finalidade principal do texto "Inteligência Artificial na Educação: conheça os efeitos dessa tecnologia no ensino e na aprendizagem" é:
A) Divulgar campanhas de empresas de tecnologia para escolas.
B) Informar e explicar ao leitor como a IA impacta a educação, apontando oportunidades e riscos.
C) Incentivar os leitores a comprar softwares de Inteligência Artificial.
D) Relatar a vida do matemático Alan Turing.
Texto IV
Leia o texto IV para responder às questões 9, 10, 11, 12, 13 e 14.
A CULTURA DOS MEMES NO BRASIL
Professor comenta a importância dos memes na esfera pública e política da cultura digital brasileira nos dias atuais
Meme conhecido como "Nazaré confusa", muito viralizado nas redes sociais brasileiras
"O meme pode ser entendido como uma linguagem midiática típica do mundo contemporâneo, nativa digital, e que tem um forte entrelaçamento com a nossa própria experiência de sociabilidade". Esse é o conceito de memes descrito por Viktor Chagas, professor do Instituto de Artes e Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense (IACS-UFF) e coordenador do Museu dos Memes. Para o pesquisador, a cultura do meme está intimamente associada ao comportamento em determinadas redes sociais. "Quando falamos em uma cultura do meme, estamos relacionando-a com a cultura de plataforma, ou seja, aquela que desenvolvemos enquanto usuários de determinadas redes, ou de um conjunto delas, em nossa experiência digital", acrescenta.
Para o docente, estudar esse conteúdo é fundamental para compreender as dinâmicas contemporâneas, as trocas de experiências culturais e a construção de diálogos e referências comuns. "Os memes têm um forte potencial para engajar as pessoas. A comunicação através deles, sejam bem-humorados ou sérios, possui essa qualidade porque é uma linguagem extremamente sintética que condensa muita informação em um espaço muito curto. O meme te obriga a ter um conjunto de referências à flor da pele, aciona muita informação em um espaço muito curto e permite que as pessoas se comuniquem de maneira ágil".
Chagas conta que os memes são frequentemente vistos como um objeto fútil ou desimportante, associado a uma dimensão passageira da cultura, contudo, entendê-los como objeto de pesquisa amplia a percepção da profundidade dessa linguagem. "Através dos memes, comunidades de usuários, como as comunidades de fãs, desenvolvem narrativas próprias, percepções sobre a realidade, e se expressam culturalmente, ou seja, apesar de vista como uma linguagem superficial, o meme contém um conjunto de camadas semânticas superpostas que podem não ser imediatamente evidentes".
Além disso, existem múltiplas culturas de memes, cada uma atendendo a um conjunto de aspectos e dimensões que as próprias plataformas são capazes de prover. Essa dimensão transcultural e interdisciplinar também possui um conjunto de singularidades da face cultural e de plataforma que se desenvolvem na experiência cotidiana.
"Isso significa que a cultura de memes no Facebook é diferente do que é 4chan, no Tumblr, no X (antigo Twitter), etc. Além disso, há uma forte associação com a própria linguagem do humor. Diferentes culturas desenvolvem linguagens do humor muito distintas entre si e a cultura dos memes também reflete essas especificidades culturais, o que torna essa cultura diferente em cada país", explica Chagas.
Os memes, como toda linguagem comunicacional, não são nem do bem nem do mal. Eles podem ser usados tanto para contestar uma autoridade pública repressora quanto para reprimir. "Podem evocar protestos, mobilizar pessoas para demandas e exercer pressão sobre o poder público, mas também podem servir como instrumento de reforço a estereótipos políticos e culturais. Temos muitos exemplos de memes racistas, misóginos, homofóbicos, com alto teor ideológico ou que propagam desinformação e discurso de ódio", explica o pesquisador.
Existem diferentes funções dos memes, como a função persuasiva, que ajuda a convencer o outro de alguma coisa, ou o meme como instrumento de discussão pública, usado para sociabilidade e troca de interações, geralmente tendo uma figura política como personagem. Nesse contexto, o pesquisador explica que, ao compartilhar, produzir ou responder memes em um debate específico, cria-se um processo de resumo e significação desse objeto.
"Isso aproxima mais as pessoas do debate e permite que aquelas que antes não tinham acesso ao debate público ou político, por considerarem o espaço restritivo, possam participar. Então, os memes podem democratizar a experiência comunicativa, partindo do ponto de vista de que faz com que as pessoas se sintam mais à vontade para conversar através deles. Assim, a esfera pública se torna mais permeada por uma camada populacional que antes não costumava frequentar o debate público", acrescenta Chagas.
Chagas aponta que o papel do meme como ferramenta democratizadora já é um grande avanço em relação ao debate público restritivo que tínhamos até então, assim, esse fenômeno repensa como o debate político ganhou uma amplitude inédita. "Esse fato, no entanto, não é isento de problemas. O meme pode ser a porta de entrada para esses debates da esfera pública, mas não devemos ficar apenas nele. Um exemplo seria a maior participação popular nos debates de atores sociais que resumem os seus argumentos em memes, mesmo sem possuírem um conhecimento aprofundado sobre o tema. Esse é um problema que a cultura dos memes pode trazer. Outro ponto de preocupação é o uso da liberdade de publicação para alimentar discursos de ódio e promover desinformação", adiciona.
(...)
https://www.uff.br/27-08-2024/a-cultura-dos-memes-no-brasil/
Questão 9 – (D6 – Identificar o tema de um texto.)
O tema central do texto "A cultura dos memes no Brasil" é:
A) A origem da computação e da Inteligência Artificial.
B) A importância dos memes como linguagem e sua influência social e política.
C) A explicação técnica de como se cria um meme.
D) A história da internet e das redes sociais no Brasil.
Questão 10 – (D14 – Distinguir um fato da opinião relativa a esse fato.)
Assinale a alternativa que apresenta uma opinião expressa no texto:
A) "Chagas aponta que o papel do meme como ferramenta democratizadora já é um grande avanço em relação ao debate público restritivo que tínhamos até então."
B) "O meme pode ser entendido como uma linguagem midiática típica do mundo contemporâneo, nativa digital."
C) "O meme conhecido como 'Nazaré confusa' foi muito viralizado nas redes sociais brasileiras."
D) "Memes podem ser usados para contestar uma autoridade pública repressora ou para reprimir."
Questão 11 – (D6 – Identificar efeitos de ironia ou humor em textos variados.)
De acordo com o texto, os memes se associam fortemente à linguagem do humor. Nesse contexto, o efeito de humor se manifesta porque:
A) Os memes sempre apresentam informações técnicas de forma objetiva.
B) A linguagem dos memes condensa muitas informações em pouco espaço, explorando ironia e referências culturais.
C) Os memes evitam qualquer associação com a realidade política e social.
D) O humor nos memes só se manifesta em situações de entretenimento, sem crítica social.
Questão 12 – (D13 – Identificar as marcas linguísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor de um texto.)
Ao afirmar que "os memes podem democratizar a experiência comunicativa, partindo do ponto de vista de que faz com que as pessoas se sintam mais à vontade para conversar através deles", o texto evidencia:
A) O ponto de vista do pesquisador, que se coloca como locutor avaliando o papel dos memes.
B) A linguagem neutra e impessoal da imprensa, sem marcas de autoria.
C) A fala dos próprios usuários, evidenciando a experiência coletiva na internet.
D) A ausência de marcas de interlocução, pois o texto é totalmente objetivo.
Questão 13 – (D11 – Estabelecer relação causa/consequência entre partes e elementos do texto.)
No trecho "Isso aproxima mais as pessoas do debate e permite que aquelas que antes não tinham acesso ao debate público ou político [...] possam participar", observa-se uma relação de:
A) Comparação, ao colocar lado a lado diferentes tipos de usuários de redes sociais.
B) Causa e consequência, pois o uso de memes gera maior participação no debate público.
C) Exemplificação, pois mostra um caso específico de participação política.
D) Oposição, pois contrapõe pontos de vista divergentes.
Questão 14 – (D17 – Reconhecer o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação e de outras notações.)
No trecho "Os memes têm um forte potencial para engajar as pessoas. A comunicação através deles, sejam bem-humorados ou sérios, possui essa qualidade porque é uma linguagem extremamente sintética que condensa muita informação em um espaço muito curto", o uso das vírgulas em "sejam bem-humorados ou sérios" indica:
A) Enumeração de características possíveis dos memes.
B) Interrupção do raciocínio do autor sem relação com o conteúdo.
C) Um erro de pontuação que prejudica a clareza do texto.
D) Repetição desnecessária de termos.
Leia o texto V para responder às questões 15, 16, 17, 18 e 19.
TEXTO V
TEXTO ADAPTADO DE "A TERCEIRA MARGEM DO RIO" - JOÃO GUIMARÃES ROSA
Nosso pai era homem quieto, cumpridor, respeitado. Um dia, surpreendeu a família ao mandar construir uma canoa pequena e forte. Quando ela ficou pronta, ele não disse muito: apenas encalcou o chapéu, se despediu e foi para o rio. Nossa mãe, a gente achou que ela ia esbravejar, mas persistiu somente alva de pálida, mascou o beiço e bramou:
— "Cê vai, ocê fique, você nunca volte!"
Nosso pai entrou na canoa e partiu. Mas ele não foi embora — ficou ali, no meio do rio, sem jamais encostar na margem novamente. As pessoas diziam que era doido, ou que havia feito alguma promessa. Outros achavam que ele sofria de alguma doença. Fato é que ele não pisava mais em terra, nem falava com ninguém.
Com o tempo, cada membro da família seguiu um caminho, menos eu. Fiquei. Levava comida escondido, deixava na beira do rio. E, mesmo que nossa mãe fizesse de conta que não sabia, ela sempre deixava sobras para facilitar.
Observe a forma como o narrador se expressa ao longo do texto:
"Do que eu mesmo me alembro",
"ele não figurava mais estúrdio nem mais triste do que os outros",
"Feito um jacaré, comprida longa."
Eu cresci, envelheci. Um dia, já homem, pedi para tomar o lugar de meu pai na canoa. Ele respondeu com um gesto. Mas eu fugi, tomado pelo medo. Depois disso, ninguém mais o viu. Hoje, carrego a dor de não ter ido. Quando chegar minha hora, só peço que me depositem também numa canoinha, no meio do rio — rio abaixo, rio a fora, rio a dentro — o rio.
Questão 15 - (D13 – Identificar as marcas linguísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor de um texto.)
Observe a forma como o narrador se expressa ao longo do texto:
"Do que eu mesmo me alembro",
"ele não figurava mais estúrdio nem mais triste do que os outros",
"Feito um jacaré, comprida longa."
Esses trechos revelam:
A) A tentativa do autor de manter uma linguagem técnica e formal em todo o enredo.
B) A presença de marcas de oralidade e regionalismo, que evidenciam o locutor e caracterizam o estilo de Guimarães Rosa.
C) A neutralidade absoluta do narrador, sem interferências linguísticas.
D) A presença de uma linguagem exclusivamente científica, típica do discurso acadêmico.
Questão 16 – (D7 – Identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que constroem a narrativa.)
O conflito central presente no texto é:
A) A dificuldade do filho em aceitar a ausência do pai, que vive isolado no rio.
B) O desejo da mãe de abandonar a família para viver sozinha.
C) A luta da comunidade para retirar o pai da canoa.
D) A decisão do narrador de viajar para longe e esquecer o pai.
Questão 17 – (D14 – Distinguir um fato da opinião relativa a esse fato.)
Assinale a alternativa que apresenta uma opinião expressa no texto:
A) "Nosso pai era homem quieto, cumpridor, respeitado."
B) "As pessoas diziam que era doido, ou que havia feito alguma promessa."
C) "Nosso pai entrou na canoa e partiu."
D) "Com o tempo, cada membro da família seguiu um caminho, menos eu."
Questão 18 – (D17 – Reconhecer o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação e de outras notações.)
No trecho final "rio abaixo, rio a fora, rio a dentro — o rio", o uso do travessão (—) tem como efeito:
A) Marcar uma pausa dramática, enfatizando a força simbólica do rio na narrativa.
B) Corrigir a repetição das expressões anteriores.
C) Indicar um erro do narrador, que interrompe o raciocínio.
D) Criar um efeito de humor, contrastando com o tom do texto.
Leia o texto VI para responder às questões 19, 20, 21 e 22.
TEXTO VI
REDES SOCIAIS X VIDA REAL: A FÁBRICA DE ILUSÕES DA VIDA PERFEITA
Em redes sociais, os chamados "digital influencers", ou somente "influencers", estão sempre felizes e pregam a felicidade como um estilo de vida. Essas pessoas espalham conteúdo para milhares de seguidores, principalmente no Instagram, rede de compartilhamento de fotos e vídeos, que permite aplicar filtros digitais nas fotos e compartilhá-los em outras redes sociais.
Os influencers ditam tendência e estão sempre mostrando um estilo de vida sonhado por muitos, como o corpo esbelto, viagens incríveis, casas deslumbrantes, carros novos e alegria em tempo integral. Algo bem improvável de ocorrer o tempo todo, aponta Carla Furtado, mestre em psicologia e fundadora do Instituto "Feliciência". "A diferença entre a felicidade autêntica, legítima e real e a felicidade postada nas redes é abismal. Porque a felicidade, tal qual nós abordamos via psicologia positiva, é uma experiência intrínseca, interna, que pode, claro, ser manifestada, mas nada tem a ver com a ostentação de felicidade", afirma a pesquisadora. A chamada psicologia positiva é o campo da psicologia que investiga a felicidade e os vários aspectos positivos da experiência humana.
A problemática pode surgir com a busca incessante por essa felicidade, que gera efeitos colaterais em quem consome diariamente a "vida perfeita" de outros. Daí vem o conceito de positividade tóxica: a expressão tem sido usada para abordar uma espécie de pressão pela adoção de um discurso positivo aliada a uma vida editada para as redes sociais, avalia a profissional.
A fábrica de ilusões da vida perfeita exibida em alguns perfis das redes sociais na internet, reforçam a sensação de que a grama do vizinho é sempre mais verde que a nossa; que nós poderíamos estar onde não estamos; fazer o que não fazemos; comprar o que não precisamos.
A necessidade de aprovação dos outros, da imagem perfeita, de ser reconhecido, da felicidade constante, faz com que a vida na rede social se afaste cada vez mais da realidade. Vidas forjadas em troca de curtidas e comentários, mas que por trás da cortina impera uma realidade bem diferente da mostrada. No final das contas, será que o vazio de uma vida cheia de felicidade inventada vale a pena? Será que a felicidade se tornou uma obrigação? É impossível ser feliz o tempo inteiro, isso todo mundo sabe. Todos passamos por aborrecimentos, frustrações, desânimo, tristeza. Mas, nas redes sociais, isso nem sempre é evidenciado.
Um estudo realizado em Londres (University College London) com quase 11mil jovens, concluiu que as garotas são duas vezes mais propensas a apresentarem sintomas depressivos. Três quartos dessas meninas são diagnosticadas com depressão e problemas com autoestima. Além disso, apresentaram insatisfação com a própria imagem e insônia, devido a relação com aplicativos.
Outro estudo realizado em Londres (Royal Society for Public Health) com 1.500 pessoas de 14 e 24 anos concluiu que taxas de ansiedade e depressão aumentaram em 70% nos últimos anos. Este estudo foi batizado de status da mente (#statusofmind); ele avaliou o Instagram como o mais nocivo ao psicológico dos adolescentes. Podemos observar que alguns transtornos mentais podem ser desencadeados a partir das redes sociais. Elas agem como gatilho para a depressão e a ansiedade;
A depressão pode surgir quando a pessoa fica exposta a um padrão de vida que foge da sua realidade, além de reforçar a solidão, pois quanto mais tempo nas redes sociais, menos a pessoa quer sair, fazendo com que as interações sejam cada vez mais pobres e superficiais. A ansiedade surge desse entretenimento constante sem interrupções, gerando, portanto, um excesso de informações.
Os problemas relacionados a imagem surgem desse padrão do corpo perfeito imposto pela sociedade e seguido à risca por muitos perfis na internet. Dicas de dietas, treinos e vida saudável, compartilhados nem sempre por profissionais sérios e sem estudo individual, podem ser maléficos a saúde física e mental. O corpo perfeito exibido com muito foco, força e fé muitas vezes vem mascarado por problemas sérios e rotinas rígidas nas quais não é exposto ao seguidor.
No entanto, precisamos entender que a felicidade está nas coisas simples da vida e cabe a cada pessoa descobrir o que de fato lhe deixa feliz. Clichê? Pode ser, mas é verdade. Preocupados com esse assunto, três universidades brasileiras (Pernambuco, Brasília, Rio Grande do Sul) já disponibilizam a cadeira chamada felicidade. Mas se você acha que o objetivo é mostrar que se pode ser feliz o tempo todo, se enganou. O grande objetivo é trabalhar emoções positivas e ajudar os alunos a construírem hábitos e práticas que gerem felicidade.
Contudo, nas redes sociais as pessoas mostram o que elas gostariam de ser mas nem sempre são. Primeiramente, editar a própria vida demonstra uma busca para esconder um vazio, seja ele de insegurança, abandono, baixa autoestima.
Portanto, existe um limite entre o virtual e o real; ele precisa ser respeitado para que possamos manter nossa saúde mental. A psicoterapia é uma forte aliada para que possamos reconhecer nossa essência e encontrar equilíbrio nas obrigações do cotidiano. Além disso, para que encontremos o prazer e a felicidade nessa grande jornada que é a vida.
(Fonte: Psic. Juliana Bolsson - Mestre em Psicologia Clínica. Disponível em: https://psicoter.com.br/ (adaptado) 23/04/2019.)
Questão 19 – (D2 – Estabelecer relações entre partes de um texto, identificando repetições ou substituições que contribuem para a continuidade de um texto.)
No trecho "Elas agem como gatilho para a depressão e a ansiedade", o pronome "Elas" retoma:
A) As pessoas que usam redes sociais.
B) As redes sociais.
C) As garotas pesquisadas em Londres.
D) As taxas de ansiedade e depressão.
Questão 20 – (D5 – Interpretar texto com o auxílio de material gráfico diverso – propagandas, quadrinhos, foto etc.)
TEXTO VII
A interpretação conjunta do texto VI e da imagem – texto VII permite concluir que:
A) Tanto a imagem quanto o texto reforçam a ideia de que as redes sociais podem criar uma "vida perfeita" diferente da realidade.
B) A imagem mostra um problema individual, enquanto o texto afirma que a felicidade é sempre autêntica nas redes sociais.
C) O texto contradiz a imagem, pois defende que a felicidade postada é sempre legítima.
D) O texto e a imagem não apresentam relação de sentido, pois tratam de temas opostos.
Questão 21 – (D6 – Identificar o tema de um texto.)
O tema central do texto "Redes sociais x vida real: a fábrica de ilusões da vida perfeita" é:
A) A importância da psicologia positiva no tratamento de transtornos mentais.
B) O contraste entre a felicidade exibida nas redes sociais e a realidade das pessoas.
C) As vantagens do uso de filtros digitais no Instagram.
D) A criação de disciplinas sobre felicidade nas universidades brasileiras.
Questão 22 – (D14 – Distinguir um fato da opinião relativa a esse fato.)
Assinale a alternativa que apresenta uma opinião expressa no texto:
A) "Um estudo realizado em Londres (University College London) com quase 11 mil jovens concluiu que as garotas são duas vezes mais propensas a apresentarem sintomas depressivos."
B) "Outro estudo realizado em Londres (Royal Society for Public Health) com 1.500 pessoas de 14 e 24 anos concluiu que taxas de ansiedade e depressão aumentaram em 70% nos últimos anos."
C) "A diferença entre a felicidade autêntica, legítima e real e a felicidade postada nas redes é abismal."
D) "Três universidades brasileiras (Pernambuco, Brasília, Rio Grande do Sul) já disponibilizam a cadeira chamada felicidade.
Leia o texto VI para responder às questões 23, 24, 25 e 26.
TEXTO VII
Questão 23 – (D5 – Interpretar texto com o auxílio de material gráfico diverso.)
A interpretação da charge permite concluir que:
A) O médico repreende o paciente por não ter feito exercícios.
B) O paciente melhorou sua saúde física por adotar hábitos alimentares rígidos.
C) O paciente associa a melhora nos resultados de saúde à redução do uso das redes sociais.
D) O médico critica diretamente o uso de redes sociais.
Questão 24 – (D6 – Identificar o tema de um texto.)
O tema central da charge é:
A) A importância de exames médicos regulares.
B) A influência das redes sociais sobre a saúde e o bem-estar.
C) A prática de exercícios físicos como fator decisivo para a saúde.
D) A relação entre médicos e pacientes no cotidiano.
Questão 25 – (D11 – Estabelecer relação causa/consequência entre partes e elementos do texto.)
Na charge, observa-se uma relação de causa e consequência. A causa é:
A) A realização frequente de exames médicos.
B) A prática constante de esportes.
C) A decisão do paciente de sair das redes sociais.
D) O uso de medicamentos para depressão.
Questão 26 – (D16 – Identificar efeitos de ironia ou humor em textos variados.)
O efeito de humor na charge decorre de:
A) O médico esperar respostas sobre hábitos saudáveis, mas o paciente atribuir a melhora à saída das redes sociais.
B) O paciente não ter entendido as perguntas do médico.
C) O médico confundir saúde mental com saúde física.
D) O paciente inventar informações falsas para agradar o médico.
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