sexta-feira, 15 de setembro de 2023

Cordel: teoria e exercícios

Literatura de Cordel é uma manifestação literária tradicional da cultura popular brasileira, mais precisamente do interior nordestino.

Os locais onde ela tem grande destaque são os estados de Pernambuco, Alagoas, Paraíba, Pará, Rio Grande do Norte e Ceará. Por esse motivo, o cordel nordestino é um dos mais destacados no país.

No Brasil, a literatura de Cordel adquiriu força no século XIX, sobretudo entre 1930 e 1960. Muitos escritores foram influenciados por este estilo, dos quais se destacam: João Cabral de Melo Neto, Ariano Suassuna e Guimarães Rosa.

Origem do cordel

O termo "Cordel" é de herança portuguesa. Essa manifestação artística foi introduzida por eles no Brasil em fins do século XVIII.

Na Europa, ela começou a aparecer no século XII em outros países (França, Espanha e Itália) e se popularizando no período do Renascimento.

Em sua origem, muito poetas vendiam seus trabalhos nas feiras das cidades. Todavia, com o passar do tempo e o advento do rádio e da televisão, sua popularidade foi decaindo.

Principais características da literatura de cordel

·         Tradição literária regional;

·         Oposta à literatura tradicional;

·         Gênero literário em versos;

·         Temas populares e da cultura popular brasileira;

·         Linguagem popular, oral, regional e informal

Esse tipo de manifestação tem como principais características a oralidade e a presença de elementos da cultura brasileira. Sua principal função social é de informar, ao mesmo tempo que diverte os leitores.

Oposta à literatura tradicional (impressa nos livros), a literatura de cordel é uma tradição literária regional.

Sua forma mais habitual de apresentação são os "folhetos", pequenos livros com capas de xilogravura que ficam pendurados em barbantes ou cordas, e daí surge seu nome.

A literatura de cordel é considerada um gênero literário geralmente feito em versos. Ela se afasta dos cânones na medida em que incorpora uma linguagem e temas populares.

Além disso, essa manifestação recorre a outros meios de divulgação, e nalguns casos, os próprios autores são os divulgadores de seus poemas.

Em relação à linguagem e o conteúdo, a literatura de cordel tem como principais características:

·         Linguagem coloquial (informal);

·         Uso de humor, ironia e sarcasmo;

·         Temas diversos: folclore brasileiro, religiosos, profanos, políticos, episódios históricos, realidade social, etc.;

·         Presença de rimas, métrica e oralidade.

 

Principais cordelistas brasileiros

Os autores da literatura de cordel são denominados "cordelistas". Segundo pesquisas atuais, estima-se que há no Brasil cerca de 4 000 artistas em atividade, dos quais se destacam:

·         Apolônio Alves dos Santos

·         Cego Aderaldo

·         Cuica de Santo Amaro

·         Guaipuan Vieira

·         Firmino Teixeira do Amaral

·         João Ferreira de Lima

·         João Martins de Athayde

·         Manoel Monteiro

·         Leandro Gomes de Barros

·         José Alves Sobrinho

·         Homero do Rego Barros

·         Patativa do Assaré (Antônio Gonçalves da Silva)

·         Téo Azevedo

·         Gonçalo Ferreira da Silva

·         João de Cristo Rei

 

 

1. Trecho de "Proezas de João Grilo", de João Martins de Athayde

João Grilo foi um cristão
que nasceu antes do dia
criou-se sem formosura
mas tinha sabedoria
e morreu depois da hora
pelas artes que fazia.

 

E nasceu de sete meses
chorou no bucho da mãe
quando ela pegou um gato
ele gritou: não me arranhe
não jogue neste animal
que talvez você não ganhe.

 

Na noite que João nasceu
houve um eclipse na lua
e detonou um vulcão
que ainda continua
naquela noite correu
um lobisomem na rua.

 

Porém João Grilo criou-se
pequeno, magro e sambudo
as pernas tortas e finas
e boca grande e beiçudo
no sítio onde morava
dava notícia de tudo.

 

 

 

 

A MORTE E O LENHADOR

Marcos Mairton

(adaptado da fábula de La Fontaine)



Foi o francês La Fontaine

Quem, certa vez, me contou

A história de um homem

Que pela morte chamou,

Mas depois se arrependeu,

Quando ela apareceu

E perto dele chegou.



Era um velho lenhador

Que andava muito cansado

Do fardo que, até então,

Ele havia carregado.

Um fardo que parecia

Sempre e sempre, a cada dia,

Mais incômodo e pesado.



Estava velho e doente,

Sentia o corpo doído.

Maltratado pelo tempo,

Seu semblante era sofrido.

Seguia, assim, seu caminho,

Atormentado e sozinho,

Sempre sujo e mal vestido.



Certa vez, ao fim do dia,

Quando ia pela estrada,

Para a choupana que então

Lhe servia de morada,

Foi obrigado a parar

Um pouco pra descansar

Da extensa caminhada.

 

Trazia um feixe de lenha

Que foi buscar na floresta.

Largou a lenha no chão,

Passou a mão pela testa,

Maldizendo-se da sorte,

Pensou: – É melhor a morte,

Que uma vida que não presta.

 

– Não consigo carregar

Essa lenha tão pesada.

Já não tenho mais saúde,

Meu ganho não dá pra nada,

Perseguido por credores,

Meu corpo cheio de dores,

Ai que vida desgraçada!

 

– Ó, Morte, onde é que andas,

Que não ouve o meu lamento?

Que não vem pra me tirar

Desse brejo lamacento?

Dona Morte, eu te rogo,

Venha acabar, venha logo,

Com meu grande sofrimento!

 

Aí, ela apareceu,

Com sua foice na mão.

Aproximou-se do velho

E disse logo: – Pois não.

Estavas a me chamar?

Em que posso te ajudar,

Querido filho de Adão?

O velho sentiu um frio

Lhe correr pelo espinhaço,

Quando a voz rouca da morte

Ecoou naquele espaço.

E pensou, na mesma hora:

"O que é que eu faço agora?

E agora o que é que eu faço?"



Então disse: – Essa honra,

Não acredito que eu tenha,

Que atendendo meu chamado

A senhora aqui me venha.

Mas, se posso pedir tanto,

Me ajude, por enquanto,

A carregar essa lenha!

 

A morte saiu dali

Um tanto desapontada,

E o velho foi embora

Cantarolando na estrada,

Porque, "mesmo padecendo,

Melhor é seguir vivendo

Que morrer sem sofrer nada".

 

É essa a moral da história

Que La Fontaine nos deu,

Nessa fábula que ele,

Entre muitas, escreveu.

Eu, apenas transformei

Em cordel e dediquei

A você, que agora leu.

 

1. O cordel "A morte e o lenhador" dialoga com 

a) uma fábula de La Fontaine.

b) o conto da Chapeuzinho Vermelho.

c) a história de Adão e Eva.

d) a biografia de La Fontaine.

e)NDA.



2. Os autores de literatura de cordel (cordelistas) recitam os versos de forma melodiosa e cadenciada, acompanhados de viola, para conquistar possíveis compradores.

Nos versos da Segunda Estrofe, para dar musicalidade ao poema, percebe-se o uso de

a) palavras antônimas.

b) palavras rimadas.

c) palavras repetidas.

d) palavras sinônimas.

e)NDA.

 

 

3. Embora apresente características de poema, a literatura de cordel carrega marcas típicas da narrativa. Observe:

                  

"E disse logo: ─ Pois não.

Estavas a me chamar?"



Nos versos destacados acima podemos identificar

a) a fala do personagem e a do narrador, que está introduzida pelo travessão.

b) a fala do narrador e a do personagem, que está introduzida pelo travessão.

c) a fala do personagem.

d) a fala do narrador.

e)NDA.

 



4. Leia com atenção os grupos de versos abaixo e observe que as partes do texto relacionam-se entre si:



TRECHO 01:

"Dona Morte, eu te rogo,

Venha acabar, venha logo,

Com meu grande sofrimento!"



TRECHO 02:

"Aí, ela apareceu,

Com sua foice na mão.

Aproximou-se do velho

E disse logo: – Pois não."



Entre os dois trechos indicados se estabelece uma relação de

a) fato e opinião.

b) ficção e realidade.

c) hipótese e condição.

d) causa e consequência.

e)NDA.

 

 

 

Leia o poema abaixo e responda às questões seguintes

 

O CADERNO

 

Sou eu que vou seguir você

Do primeiro rabisco até o be-a-bá.

Em todos os desenhos coloridos vou estar:

A casa, a montanha, duas nuvens no céu

E um sol a sorrir no papel.

(...)

O que está escrito em mim

Comigo ficará guardado, se lhe dá prazer.

A vida segue sempre em frente, o que se há de fazer.

Só peço a você um favor, se puder:

Não me esqueça num canto qualquer.

 

(Mutinho eToquinho, letra retirada do site http://www.toquinho.com.br)

 

5 -  A expressão "A vida segue sempre em frente" indica que na vida:

a) tudo acaba.

b) tudo passa.

c) tudo estaciona

d) tudo fica como está.

e) passamos por fases.

 

6 -  No poema, o verso "Do primeiro rabisco até o be-a-bá" sugere a aprendizagem

a) do desenho.

b) da fala.

c) da escrita.

d) da pintura.

e) da leitura.

 

7 -  A partir da leitura do poema, pode-se concluir que o caderno

a) gosta muito de todas as crianças.

b) fala como se fosse uma pessoa.

c) sonha com desenhos coloridos.

d) gosta muito de rabiscar.

e) fica triste por ser deixado de lado.

 

Leia o fragmento abaixo e responda às questões:

 Aquisição à vista. A Bauducco, maior fabricante de panettones do país, está negociando a compra de sua maior concorrente, a Visconti, subsidiária brasileira da italiana Visagis. O negócio vem sendo mantido sob sigilo pelas duas empresas em razão da proximidade do Natal. Seus controladores temem que o anúncio dessa união - resultando numa espécie de AmBev dos panettones - melindre os varejistas.

                                                                 (Cláudia Vassallo, na Exame, dez./99)

 

8 -  As duas empresas de que fala o texto são:
a) Bauducco e Visagis
b) Visconti e Visagis
c) AmBev e Bauducco
d) Bauducco e Visconti 
e) Visagis e AmBev


9 -  A aproximação do Natal é a causa:
a) da compra da Visconti
b) do sigilo do negócio
c) do negócio da Bauducco
d) do melindre dos varejistas
e) do anúncio da união


10 -  Uma outra causa para esse fato seria:
a) a primeira colocação da Bauducco na fabricação de panettones
b) o fato de a Visconti ser uma multinacional
c) o fato de a AmBev entrar no mercado de panettones
d) o possível melindre dos varejistas 
e) o fato de a Visconti ser concorrente da Bauducco


11 - Por "aquisição à vista" entende-se, no texto:
a) que a negociação é provável.
b) que a negociação está distante, mas vai acontecer.
c) que o pagamento da negociação será feito em uma única parcela.
d) que a negociação dificilmente ocorrerá.
e) que a negociação está próxima.
 

 

FEIJÕES OU PROBLEMAS?

 

Reza a lenda que um monge, próximo de se aposentar, precisava encontrar um sucessor. Entre seus discípulos, dois já haviam dado mostras de que eram os mais aptos, mas apenas um o poderia. Para sanar as dúvidas, o mestre lançou um desafio, para por a sabedoria dos dois à prova: ambos receberiam alguns grãos de feijão, que deveriam colocar dentro dos sapatos, para então empreender a subida de uma grande montanha.

Dia e hora marcado, começa a prova. Nos primeiros quilômetros, um dos discípulos começou a mancar. No meio da subida, parou e tirou os sapatos. As bolhas em seus pés já sangravam, causando imensa dor. Ficou para trás, observando seu oponente sumir de vista.

Prova encerrada, todos de volta ao pé da montanha, para ouvir do monge o óbvio anúncio. Após o festejo, o derrotado aproxima-se do vencedor e pergunta como é que ele havia conseguido subir e descer com os feijões nos sapatos.

- Antes de colocá-los no sapato, eu os cozinhei.

Carregando feijões, ou problemas, há sempre um jeito mais fácil de levar a vida. Problemas são inevitáveis. Já a duração do sofrimento, é você quem determina.

 

Disponível em: . Acesso em: 13 mar. 2011.

 

12 -  Nesse texto, o discípulo que venceu a prova

 

(A) colocou o feijão em um sapato.

(B) cozinhou o feijão.

(C) desceu a montanha correndo.

(D) sumiu da vista do oponente.

(E) tirou seu sapato.

 

13 -  No trecho "- Antes de colocá-los no sapato, eu os cozinhei", os pronomes oblíquos destacados referem-se

 

(A) aos sapatos.

(B) aos problemas.

(C) aos discípulos.

(D) aos vencedores.

(E) aos feijões.

 

14 -  No texto, qual é o conflito gerador desse enredo?

 

(A) A necessidade do monge em encontrar um sucessor.

(B) A solução encontrada pelo discípulo vencedor.

(C) A subida dos discípulos a uma grande montanha.

(D) O desafio proposto pelo mestre aos seus discípulos.

(E) O sofrimento do discípulo ao ver o oponente vencer.

 

1A / 2B / 3B / 4D 5E 6C 7B 8D 9B 10D  11E  12B 13E 14A

 

 

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