sexta-feira, 15 de setembro de 2023

Romance

Embora a palavra "romance" seja muitas vezes utilizada para designar uma experiência de cunho amoroso, quando se trata de literatura, sua definição é outra. O romance é a forma literária mais popular do Ocidente, desde o século XIX.

Histórias famosas da literatura clássica, como Dom Casmurro ou Guerra e paz, até best-sellers contemporâneos, como A culpa é das estrelas foram escritas na forma do romance – e não necessariamente envolvem pares amorosos. Mas afinal, o que significa o termo "romance" para a literatura?

O que é romance?

O romance é uma forma literária narrativa escrita em prosa, que se popularizou na literatura ocidental durante o século XIX. Suas origens, entretanto, remetem a Dom Quixote, novela de cavalaria escrita por Miguel de Cervantes no século XIV, considerada um precursor do romance moderno.

A forma literária do romance apresenta, de maneira ficcional, a experiência social da modernidade, uma representação mais próxima da experiência individual, que possui um contexto temporal e espacial.

Antes de serem vendidos e editados em forma de livro, tal como os conhecemos agora, os romances eram publicados como folhetins: um capítulo por vez, em espaços dedicados a eles nos jornais. Isso colaborou para a popularização desse tipo de história ficcional, já que eram veiculados em meios de comunicação de grande circulação e deixavam os leitores ávidos por dar continuidade à narrativa – algo semelhante aos seriados e novelas televisivos dos dias de hoje.

Características do romance

·         Narrativa longa, escrita em prosa, geralmente dividida em capítulos.

·         Ambientação temporal: a narrativa deve acontecer em determinado tempo, que pode ser linear ou não linear, objetivo ou subjetivo.

·         Ambientação espacial: além do tempo, o romance é ambientado em determinado espaço, onde as ações acontecem.

·         Enredo ou trama: o romance conta uma história, que é apresentada a partir de um encadeamento de eventos – é o enredo. Muitas vezes, a história contada não é o principal componente do romance, mas sim a maneira como essa história é contada.

·         Presença de personagens, que podem ser planas ou complexas, protagonistas, antagonistas, em número variável, mas que se relacionam a partir da trama principal.

·         Gênero em constante mutação: o romance não é uma forma acabada, mas está continuamente se transformando, assim como a humanidade. É um gênero aberto aos mais variados experimentalismos, buscando novas formas de captar a atenção do leitor.

Tipos e exemplos de romance

·         Romance histórico: é aquele em que as ações são ambientadas em dado período ou evento histórico. Trata-se de uma narrativa ficcional que se desdobra em determinado espaço-tempo que corresponde a um período histórico verídico. Estão ausentes as análises psicológicas aprofundadas ou críticas sociais. ExemploAs Minas de Prata, de José de Alencar .

·         Romance regional: também conhecido como romance regionalista, diz respeito a narrativas que têm o componente do espaço intensamente caracterizado. Geralmente, trata-se de um espaço rural, ou distante dos grandes centros urbanos, cujos costumes e cultura são representadas em primeiro plano, representando a "cor local" desses espaços. ExemploO Gaúcho, de José de Alencar.

·         Romance de formação: narra uma história de crescimento e amadurecimento de um protagonista, ilustrando as dificuldades e percalços durante o longo caminho de formação moral, física e psicológica de um ser humano. ExemploO Ateneu, de Raul Pompeia.

·         Romance de ação: possui uma trama complexa e a história é centrada nos desdobramentos da ação do protagonista. Os acontecimentos se sucedem uns aos outros, frequentemente repletos de surpresas e derivações da trama principal. Um evento comum pode ter uma consequência inesperada, levando a sequências extraordinárias de ações, geralmente superadas pelo protagonista (herói) com astúcia, inteligência, força etc. Os chamados romances policiais encaixam-se nesta categoria, com a especificidade de localizarem a ação em torno de investigações criminais. ExemploO Guarani, de José de Alencar.

·         Romance picaresco: protagonizada por um pícaro, isto é, uma personagem de origem humilde, sem trabalho ou profissão fixa, que vive das mais diversas ocupações para garantir sua sobrevivência, muitas vezes envolvendo-se em atividades escusas ou ilícitas. O pícaro é um anti-herói, e antes de tudo um ingênuo que aprende a malandragem e a picaretagem a partir do embate direto com a realidade circundante. A narrativa se constrói a partir de vários episódios vivenciados pelo protagonista, com a característica de possuir um tom bem-humorado. ExemploMemórias de um sargento de milícias, de Manuel Antonio de Almeida.

·         Romance autorreflexivo: também chamado de metaficcional, caracteriza-se por inserir no texto colocações que dizem respeito ao próprio ato de escrevê-lo. Há uma presença ativa do leitor na construção textual e uma exposição das estruturas que compõem a narrativa. ExemploMemórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis (romance com características autorreflexivas).

·         Romance psicológico: centrado na consciência individual das personagens. Em lugar de um narrador externo e onisciente, desenvolve-se a história a partir do olhar e da interioridade de uma (ou mais) personagem. ExemploAngústia, de Graciliano Ramos.

Para entender um pouco mais sobre o gênero "Romance" veja o vídeo no link abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=VYQoEgu96tk

Leia o texto abaixo, um fragmento do livro "A culpa é das estrelas", de John Green:

- Augustus, talvez você queira falar de seus medos para o grupo.
- Meus medos?
- É
- Eu tenho medo de ser esquecido - disse de sem querer um momento de pausa. (...)
Olhei na direção do Augustus Waters, que me devolveu o olhar. Quase dava para ver através dos olhos  dele, de tão azuis que eram.
- Vai chegar um dia - eu disse - (...) Vai chegar um dia em que não vai sobrar nenhum ser humano sequer para lembrar que alguém já existiu ou que nossa espécie fez qualquer coisa nesse mundo.
Não vai sobrar ninguém para se lembrar de Aristóteles ou de Cleópatra, quanto mais de você. Tudo o que fizemos, construímos, escrevemos, pensamos e descobrimos vai ser esquecido e tudo isso aqui - fiz um gesto abrangente - vai ter sido inútil. Pode ser que esse dia chegue logo e pode ser que demore milhões de anos, mas, mesmo que o mundo sobreviva a uma explosão do Sol, não vamos viver para sempre. (...) E se a inevitabilidade do esquecimento humano preocupa você, sugiro que deixe esse assunto para lá. (...)

Assim que terminei fez-se um longo silêncio, e eu pude ver um sorriso se abrindo de um canto ao outro no rosto do Augusto – não o tipo de sorriso (...) do garoto tentando (...) me encarar, mas um sorriso sincero, quase maior que a cara dele. 
- Caramba – disse ele baixinho – Não é que você é mesmo demais?

# Exercícios:
1. De acordo com esse texto, o medo de Augustus era
a) o fim da espécie humana
b) o silêncio
c) ser esquecido
d) sobreviver à explosão do Sol

e) NDA.

2. Na expressão "- Caramba!", o ponto de exclamação reforça a ideia de
a) admiração
b) constrangimento
c) crítica
d) desconfiança

e) NDA.


3. De acordo com esse texto, era possível ver através dos olhos de Augustus porque
a) encaravam a narradora
b) eram maiores que o rosto
c) eram muito azuis
d) pareciam sinceros

e) NDA.


4. O trecho "Vai chegar um dia em que não vai sobrar nenhum ser humano sequer para lembrar que alguém já existiu ou que nossa espécie fez qualquer coisa nesse mundo.", foi construído a partir de qual recurso estilístico?
a) Exagero de uma ideia
b) Humanização de um sentimento
c) Jogo de palavras
d) Repetição de sons parecidos

e) NDA.


5. Qual é o trecho que apresenta ideia de tempo?
a) "Augustus, talvez você queira falar de seus medos"
b) "Quase dava para ver através dos olhos  dele"
c) "Assim que terminei fez-se um longo silêncio"
d) "sorriso se abrindo de um canto ao outro no rosto"

e) NDA.


6. A linguagem utilizada no trecho "-Caramba! - disse ele baixinho - Não é que você é mesmo demais?" é

a) culta     b) informal     c) regional     d) técnica     e) NDA.


7. A que gênero textual pertence a obra "A culpa é das estrelas"?
a) conto     b) fábula     c) romance     d) crônica     e) NDA.

Leia abaixo o trecho de Deus Foi Almoçar, romance de Ferréz, publicado em 2011.

"Datas, dias, minutos e segundos, atrasos, interesses, ganhos e perdas, a vida era assim agora. Ele sorriu levemente, o homem é o único ser capaz de fazer uma armadilha para si mesmo. Carros, apartamentos, pequenos bares, shoppings, tudo congestionado, tudo limitado, emparedado, fechado. A sensação de sair dessas coisas era indescritível, se tivesse uma pena por assalto ou homicídio, tanto fazia. Prisão ou shopping center? Não precisava olhar tudo para saber o que existia realmente, mas por mais que olhasse não saberia dizer o que era verdade".


8 - No trecho acima, podemos observar: 

(A) a infelicidade do narrador com sua própria vida.

(B) a perturbação emocional do personagem que não sabe o que é falso ou o que é real.

(C) a constatação de suas próprias limitações projetadas no espaço externo.

(D) uma crítica à forma como vivemos nas cidades a partir da sensação de aprisionamento.

(E) a incapacidade de ser feliz em espaços urbanos.

 

 

 

14 coisas que você não deve jogar na privada

 

Nem no ralo. Elas poluem rios, lagos e mares, o que contamina o ambiente e os animais. Também deixa mais difícil obter a água que nós mesmos usaremos. Alguns produtos podem causar entupimentos:

- cotonete e fio dental

- medicamento e preservativo;

- óleo de cozinha;

- ponta de cigarro;

- poeira de varrição de casa;

- fio de cabelo e pelo de animais;

- tinta que não seja à base de água;

- querosene, gasolina, solvente, tíner.

Jogue esses produtos no lixo comum. Alguns deles, como óleo de cozinha, medicamento e tinta, podem ser levados a pontos de coleta especiais, que darão a destinação final adequada.


                                                                                                                                                                MORGADO, M.; EMASA.

9 - O texto tem objetivo educativo. Nesse sentido, além do foco no interlocutor, que caracteriza a função conativa da linguagem, predomina também nele a função referencial, que busca:

 

(A) despertar no leitor sentimentos de amor pela natureza, induzindo-o a ter atitudes responsáveis que beneficiarão a sustentabilidade do planeta.

(B) informar o leitor sobre as consequências da destinação inadequada do lixo, orientando-o sobre como fazer o correto descarte de alguns dejetos.

(C) transmitir uma mensagem de caráter subjetivo, mostrando exemplos de atitudes sustentáveis do autor do texto em relação ao planeta.

Descartar alternativa

(D) estabelecer uma comunicação com o leitor, procurando certificar-se de que a mensagem sobre ações de sustentabilidade está sendo compreendida.

(E) explorar o uso da linguagem, conceituando detalhadamente os termos utilizados de forma a proporcionar melhor compreensão do texto.

 

 

 

Ainda estou surpresa com a magnitude dessa história. Eu sou uma garota de romances, de histórias previsivelmente encantadoras e perfeitas, do tipo que terminam de uma maneira bela, feliz e eterna. Entretanto, mesmo receosa, fui conquistada pela narrativa inovadora da autora Gillian Flynn, que optou por mostrar uma faceta obscura e psicótica dos casamentos, indo muito além do "viveram felizes para sempre". A trama é intensa, confusa, surpreendente e dolorosamente real.


Aqui as aparências enganam, a lógica é trapaceada pela imaginação, e os personagens são de carne e osso: rancorosos, vingativos, mentirosos… nunca imaginei que diria isso, mas Garota Exemplar é um dos melhores e mais verdadeiros livros que já li. E isso não significa que a história seja um reflexo puro de nossa sociedade, mas sim que a trama é capaz de mostrar com veracidade a obscuridade da mente humana – o que, sem dúvida, dá margem para infinitas reflexões sobre quem nós verdadeiramente somos sem máscaras e sem falsidades.

 

O livro é narrado sob duas perspectivas (intercaladas entre presente e passado): a de Nick, que descobre que sua mulher desapareceu e segue os dias a procura dela; e a do diário de Amy, que retrata o casamento dos dois, mostrando as falhas de Nick como marido e dando vida ao medo que ela estava sentindo de seu esposo.

De começo, a leitura é meio arrastada entre as reflexões emocionais de Nick, entretanto em menos de cinquenta páginas o clima do livro esquenta e as dúvidas começam a afligir o leitor. O fato é que os pontos de vista dos protagonistas são completamente discrepantes, de forma que enquanto Nick descreve uma esposa fria e um casamento desmoronando, Amy escreve sobre amor, recomeços, e um Nick alheio às tentativas de reconciliação de sua esposa.

Portanto, a grande dúvida da trama não é apenas a respeito do que realmente aconteceu com Amy, mas sim de quem, nesse emaranhado de emoções e lembranças, está dizendo a verdade: Nick, com sua frieza e indiferença calculada, ou Amy, com seu sorriso dócil e memórias calorosas? E o charme da história é que, independente de nossas teorias, a autora consegue surpreender completamente o leitor, deixando-nos de queixo caído com seu talento e criatividade. [...]

                                                                                                                                                                     ALEKSANDRA, Paola.

 

10 - Na construção de um texto, o autor realiza escolhas para cumprir determinados objetivos. Nesse sentido, o texto acima apresenta a função social de

 

(A) interpretar a obra a partir dos acontecimentos da narrativa.

(B) fazer a apreciação de uma obra a partir de uma síntese crítica.

(C) apresentar o resumo do conteúdo da obra de modo impessoal.

(D) classificar a obra como uma referência para estudiosos da psicologia.

(E) informar o leitor sobre a veracidade dos fatos descritos na obra.

 

Leia o texto a seguir:



A avó de minha amiga está com 90 anos feitos. Vive muito modestamente, mas tem o costume de lembrar as visitas:

- Pois é. Eu fui casada com um ministro...

Um velho empregado, cria de família, de tanto ouvir aquilo acabou dizendo com o desembaraço dos velhos servidores:

- A senhora não deve ficar repetindo essa coisa. Quando a gente bate numa porta a pessoa lá dentro sempre pergunta:

"Quem é?" Ninguém pergunta: "Quem foi?"

                                                                                                                                 Rubem Braga.



11 - Os ditados populares, em sua concisão, trazem consigo a significação de uma experiência, traduzida com lapidar sabedoria. No caso dessa crônica, a experiência é a que se depura da



(A) fala da avó às visitas, e um ditado adequado seria: Nem tudo o que reluz é ouro.

(B) fala da avó às visitas, e um ditado adequado seria: Depois da tempestade vem a bonança.

(C) reação silenciosa das visitas, e um ditado adequado seria: Quem vê cara não vê coração.

(D) intervenção do velho empregado, e um ditado adequado seria: Águas passadas não movem moinho.

(E) intervenção do velho empregado, e um ditado adequado seria: De onde menos se espera, daí é que vem.

 

 

Retrato de uma princesa desconhecida



Para que ela tivesse um pescoço tão fino

Para que os seus pulsos tivessem um quebrar de caule

Para que os seus olhos fossem tão frontais e limpos

Para que a sua espinha fosse tão direita

E ela usasse a cabeça tão erguida

Com uma tão simples claridade sobre a testa

Foram necessárias sucessivas gerações de escravos

De corpo dobrado e grossas mãos pacientes

Servindo sucessivas gerações de príncipes

Ainda um pouco toscos e grosseiros

Ávidos cruéis e fraudulentos

Foi um imenso desperdiçar de gente

Para que ela fosse aquela perfeição

Solitária exilada sem destino

 

                                                                                                                                                                   (ANDRESEN, S. M. B.)

12 - No poema, a autora sugere que

 

(A) os príncipes e as princesas são naturalmente belos.

(B) o exílio e a solidão são os responsáveis pela manutenção do corpo esbelto da princesa.

(C) a beleza da princesa é desperdiçada pela miscigenação racial.

(D) os príncipes generosos cultivavam a beleza da princesa.

(E) o trabalho compulsório de escravos proporcionou privilégios aos príncipes.

 

1C  2A   3C   4A   5C 6B  7C 8D 9B 10B 11D  12E

 

 

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